13/08/2023 - Carta para mim
É muito louco pensar que penso nisso quase todo dia da minha vida. Meu passado, meu presente e meu futuro. Me pergunto agora se isso é normal, se eu não deveria estar simplesmente vivendo. Que louco.
No meu passado, com uma das minhas ex-namoradas aprendi um lado da vida que eu não acreditava ou até mesmo nem sabia que existia. Com a minha mãe aprendi a viver no mínimo, sem esbanjar, sempre vivemos assim, poucos passeios, boa educação e de vez enquando um almoço em um lugar mais caro e diferente. Com meu pai, eu via o esbanjar, mas era criticado o tempo todo, pois meu pai viajava para vários países, era "ausente" e trazia presentes caros e eu não entendia porque pelo lado da minha mãe era tão pouco e com meu pai era tanto. Com ele mesmo. Minha mãe se doa até hoje 110% aos filhos e meu pai é um "se vira" bem colocado. E entendo que ele dá duro, que se precisar ele esta ali, mas só se for urgente. Minha mãe não.
Com essa ex-namorada, os dois pais dela, as avós, os tios tinham grana e esbanjavam. O api devia ganhar uns 50 mil por mês, a mãe 16 mil. Então minha ex era acostumada a viajar para bons lugares, almoçar e ir ao mercado sem se preocupar com valores das coisas e também a ser mimada pelos homens que passaram em sua vida.
Eu vi com ela atraves de programas de couch a possibilidade de ser rico, milionarios, ter muito dinheiro. Dizem que quanto mais gente você ajudar, mais dinheiro vem. Mas que tem um consumismo envolvido em ter mais grana, um medo e uma segurança de ter mais recursos que infla o ego. Tanto que foi por isso que ela resolveu terminar. Nunca vou esquecer dela dizendo que não se via mais comigo, que se eu ganhasse 13 mil por mês ainda estaríamos juntos e que tinham vários caras ricos da academia dela dando em cima dela e ela pensava em ficar com eles por isso.
Mas por um lado, me deixou ambicioso com meus próprios planos. Aumentou minha ansiedade com segurança por dinheiro? Sim. Mas isso sempre esteve aqui. Meus pais me ensinaram isso kkk
Eu, hoje, sou professor de Educação Física em uma escola, trabalho 31 horas por semana e faço R$ 3.500,00 o mês. Minha hora fica perto de R$ 19,75. Humilhante, mas sei que tem gente bem pior. Junto a isso, pago todas as minhas despesas e faço mestrado em uma universidade particular com 50% de desconto de bolsa. Basicamente não sobra nada, mas eu invisto um pouco do salário em tesouro garantindo minha aposentadoria e reserva de segurança.
Mas quero mais!
Tenho um livro publicado, no meu mestrado vou produzir uma cartilha de jogos e não tenho ideia de quantas oficinas e workshops de jogos já ministrei. Isso vai virar um curso.
Ah e claro, estou escrevendo um artigo para uma revista B2. Logo mais, quando eu pesquisar meu nome no goolge vão aparecer coisas legais.
Confesso que ainda tenho umas noias de ficar tão bem sucedido que minha ex vai se arrepender e de ter largado, mas esse é um pensamento bem idiota. Tanto que quando percebo que estou fazendo as coisas só para mostrar aos outros, começo a ficar doente.
Em uma das empresas que trabalhei, os chefes são muito bem sucedidos. Devem ganhar uma nota por mês. E ninguém, alem do povo da escalada sabe quem são eles. Low profile. Queria ser assim e bastar ser assim, mas para mim parece que eu devo me mostrar.
E tem alguns pensamentos que me cercam. Esses dias mesmo estava no bar sozinho e pensei: se eu conseguir contruir minha casinha, ter uma grana para fazer minhas coisas, poder sair para rolezar com meus amigos e viajar uma vez por ano, além de trabalhar com algo que me realize penso que seria feliz. Não preciso fazer um milhão.
Eu fico de cara com as pessoas que trabalham e ganham muito, que seu nivel de consumismo também é bem grande. Assim como meu tio me disse uma vez: você não precisa ocupar uma casa grande porque ela é grande. Ai então ela se tornaria apertada. E a casa grande dele é sensacional.
Acho que é isso mesmo.
Com a minha escadinha logo mais estarei trabalhando em uma universidade federal, terei minhas redes sociais voltadas a meu livros, e-books, cartilhas, jogo de tabuleiro, artigos, mini curso, workshops, palestras e cursos, o intuito é melhorar minha situação financeira, sair da casa da minha mãe e fazer as experiências que quero.
Eu quero aprender a andar de snowboarding, quero fazer umas trilhas legais, quero acampar e acordar com um lago na minha frente, quero aprender a surfar, quero aprender mais algumas línguas como francês, italiano e havaiano. Quero aprender a cozinhar, quero explorar parques de diversões, quero ir a um restaurante estrelado, quero ir na Disney, quero ir em Ushuaia, quero ir ao Egito, quero ir a Grecia, quero ir a Italia, quero visitar a Fran e o Matheus e o Tarzan, quero ir ver a aurora boreal. Quero pedalar e fazer mais algumas meias maratonas. Tudo isso pode ser de Brasília. Que bonito.