Reflexão sobre a temporalidade

"São as coisas reais ou as imaginadas as que mais contribuíram para a felicidade humana? O certo é que a sensação do espaço, existente entre a mais profunda felicidade e a maior desgraça, só pode ser estabelecida com a ajuda das coisas imaginadas" __Friedrich Nietzsche, livro Aurora

Venho observando que aquela velha frase "como tá passando rápido o tempo" têm sua origem não no passar do tempo, e sim, na sensação do espaço entre a lembrança de um momento a outro.

Por que digo isso?

O tempo não tem tempo, ele não acelera nem diminui. O tempo é sua própria eternidade. É como dizem: "tudo tem seu tempo"... Ou seja, não acelera, não diminui...

Em verdade, se observarmos atentamente, veremos que aquilo que entendemos por movimento temporal nada mais é que o movimento da consciência de um ponto na memória para outro. É um sentimento...

A temporalidade é uma sensação de movimento. (Nota: o movimento externo não nos demonstra a existência do tempo em si, a noção de tempo que temos é puramente subjetiva, é uma sensação nossa...)

Notei que muitas pessoas andam dizendo que os dias estão correndo mais rápidos e tal, e eu também sinto isso muito profundamente, cada dia mais acelerado. Mas eu quero aprofundar nisso e trazer outra perspectiva sobre a questão:

Através de minhas observações eu notei que está acontecendo um encurtamento da sensação espacial entre este momento e outro passado, sentimento este que, por enquanto, só se expressa no fechamento dos ciclos importantes - fim de ano, fim de semana, ou de algum acontecimento com ou sem importância que tenha marcado, e quanto mais "acelerado" mais o ontem se confundirá ao hoje e o antes com o depois: como se ao lembrar tivéssemos a impressão de ter sido ontem (ou hoje?) e portanto, dando a sensação de aceleração temporal. Não é o tempo que acelerou, foi a sensação de espaço que encurtou, como se a consciência estivesse compactando a memória ao ponto de juntar o fim com o início, eternizando o instante num processo circular onde a memória se perde de sua linearidade e a consciência desperta para sua atemporalidade circular. Pois o que separa a imagem interior de um momento passado de um momento presente? Não há nada que os separe... o espaço entre "lá" e "aqui" é uma ilusão criada pela sensação espacial dos sentidos vestida pela fantasia das palavras que criam a ideia de um "ontem" e um "amanhã"...

Talvez seja um processo de desenvolvimento da consciência em geral, um novo paradigma existencial, ou apenas fruto do envelhecimento. Tenho a viva impressão de que a consciência está acordando para o processo circular de todas as coisas e percebendo que o fim nunca esteve longe do começo, que estiveram sempre juntos. Tudo acontece e não acontece ao mesmo tempo. Paradoxo. A vida é um paradoxo. Nascimento e morte acontece e não acontece simultaneamente...

Quanto mais chegamos perto do fim mais nos aproximamos do início. E aqui a idade pode ser um fator se estendermos essa ideia para a cosmologia de nosso modelo de consciência coletiva ancestral: talvez estejamos chegando ao começo do fim de um modelo de ser humano...

Algo grande pode estar para começar. Estamos diante de um paradoxo absurdo...

Me perdoem se falar muita merda (riso), eu acho que já pirei kkkkk

Fiódor
Enviado por Fiódor em 28/07/2023
Reeditado em 07/02/2024
Código do texto: T7848109
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