passado
permiti ao tempo que por mim passasse
lavando de esquecimento as histórias
permiti a ele a minha demência,
manifesta nas coisas comezinhas
e joguei cal por sobre
as sementes
o tempo se foi
e eu, que o imaginava correr sozinho
peguei-me presa ao seu galope
perdendo meus pedaços no caminho,
esvaindo a alma em trapos
ele não soube ser divino
e não perdoou o meu pecado
me castigou revelando
sua imagem
a cruel visão
da velha anciã
diante do espelho
do passado