Prisão Infinita
Um carro em alta velocidade em uma via escura
O acelerador é seu melhor amigo
O motor esbraveja sua potência máxima
Não existe mais nada que você possa fazer
As árvores passam voando por suas janelas
Enfim você vê a sua frente um muro de ferro
Um belo fim para tudo que não importa mais
Por alguns instante você se permite ponderar
Entende que não tem pra onde ir, é isso
Um sorriso escapa pelo canto de sua boca
E o acelerador novamente é compelido
Mantem os olhos fixos no muro, ó ceifador
Pois não quer perder nenhum segundo do fim
Quando percebe que o final está em sua frente
Se permite tirar o sinto de segurança
Mais um sorriso vem de algum lugar
Sente uma calma inenarrável que surge ao acaso
Faltam poucos instantes então solta o volante
Somente o acelerador não muda seu lugar
Então acontece a colisão irrefutável
Seu corpo é arremessado através do para-brisa
Sente cada pedaço de vidro rasgando sua pele
Os ossos esmagando-se contra o painel
Seu corpo todo está em pedaços, dilacerado
Seu coração deseja parar, pois está cansado
O cérebro cantarola uma melodia melancólica
Sente uma luz branca de paz cercar todo o seu ser
Porém o caos continua perturbar os sentidos
Em um lampejar de segundos você volta para o ponto iniciar
Esta dentro do carro novamente, e à sua frente o muro
O carro esta chegando cada vez mais perto
E você aceita o seu designo sem contestar
Percebe que não tem valor nenhum pra ninguém
Não passa de um utilitário de cozinha
Aceita seu desolador destino maldito
Acelera novamente esperando o impacto
Novamente tira o cinto de segurança e sorri
Sente aqueles instantes antes de tudo acontecer
E mais uma vez após tudo se repetir
Volta para o inicio, como um looping infinito
O seu purgatório infindável