Almas Entrelaçadas.
Almas Entrelaçadas.
Ele estava sentado na raiz da Cajazeira, escrevendo suas memórias em brancos papéis, um galho na boca, e, a imagem dela no pensamento.
- Ah! Se ela estivesse aqui. Murmurou.
Um vento passou levemente por sua face, tão leve, que, lembrara um beijo, não um beijo qualquer, mas, um beijo denotando um carinho, roubando-lhe o sabor dos lábios. Um frio percorreu-lhe da espinha, até, a nuca, então,...
Ele sorriu, e, pensou:
- Foi ela, pagando a promessa que fizera anos atrás...
E, lembrou da velha promessa já esquecida nos longos trilhos da vida, porém, sempre lembrada pelas vidas entrelaçadas pelo destino. Após, o vento, uma pétala da flor da Cajazeira toca-lhe o rosto.
- E, novamente o leva a pensar:
- Seria seus toques me acariciando, toques estes, que, numa noite chuvosa esquentou minha alma.
Ele levanta a cabeça, parando nesse momento de escrever, olha além daquela praça, onde reside a árvore parceira de tantas memórias, e, vislumbra uma visão...
Ela, sentada na poltrona daquele ônibus, que, a levara estrada a fora, admirando a paisagem pela janela, pintando quadros mentais a cada parada, recorda um em especial. Conhecera um alguém nas viagens feitas pelos Recantos da leitura. Um homem simples, mas, com uma alma luxuosa, que, nunca se chamou de poeta, contudo, a poesia exalava de suas mãos, e, pensou:
- Por onde andas o teu versar?
A cada quilômetro percorrido, as imagens de um final de semana tumultuava sua mente, lembrara de uma noite entre lençois, onde, com os corpos unidos, tornara um só corpo. Na fusão destes, a lua, e, o sol se beijaram, o amanhecer, e, o anoitecer, criaram um perfeito crepúsculo, para marcar no espaço, um universo a parte.
Seu olhar, sem notar, procurava pelos deles, como quem procura no horizonte uma conexão. Olha pela janela, relia textos antigos, acendia lembranças, embora, não gostasse de viver passados. Nestas junções de pensamentos, recuou alguns anos, onde, pintara um quadro, que, revelava uma busca, e, nesta busca, se encontrava.
Passou por uma enseada com ondas a chamar, pediu ao motorista para dar uma parada, chegou na beira da praia, olhando fixamente o Norte, mandou beijos afim de que, aquele rapaz fosse tocado, e, em seu delírio fez carícias no rosto deste escritor. Ainda na beira, um vento carregou seus beijos mar a dentro, nos gestos da mão, ele arrancaria uma pétala finalizando a promessa.
Retornando a realidade o homem, sentiu a garota tão perto, que, quase a tocou.
Ela na sua realidade, retornou para a estrada, pensando nele.
"Há uma lenda sobre duas almas casadas pelo universo, cujo o enlace atravessaria vidas, e, que, no final de cada uma, essas almas se encontrariam para manter a jura feita ao destino."
E, assim foi feito.
Aquele homem embaixo da Cajazeira, criava textos no intuito de deixar pistas por onde passar.
Aquela mulher em suas viagens, ia catando as pistas encontradas pela sua vida,
Ambos, destinados a finalizar com um encontro esse amor, riscava o espaço, para que, o universo soubesse, que, o destino os uniu.
Texto: Almas Entrelaçadas.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 23/07/2023 às 22:39