10 ANOS ATRÁS NESTE MESMO DIA... TIVEMOS NEVE

Planejei um post perfeito, mas ele não veio. Enquanto a lua crescente se põe a oeste, a memória viaja 10 anos no tempo e remonta o cenário daquele fim de semana no qual choveu tão forte que o fornecimento de luz foi interrompido por longas horas e o sinal da internet também.

Nos noticiários, todas as atenções estavam voltadas para a visita do Papa Francisco ao Brasil e a Jornada Mundial da Juventude. O SIMEPAR emitiu um alerta de possibilidade de neve... na minha cidade, onde não nevava desde 1975.

Guias e mais guias abertas. Sonhos antigos e suas premonições. Acessar o app da Climatempo, comparar com outras fontes, programar a modesta câmera do celular para registrar os primeiros flocos de neve, se possível. Naturalmente, eu não aguardava acúmulo de neve, como ocorre em diversas localidades no Hemisfério Norte.

Ah, eu madrugaria se preciso fosse. Cheguei, inclusive, a sonhar que já havia nevado e eu não tinha acordado a tempo para acompanhar, o que seria bem frustrante a alguém que esperou décadas para isso.

Aquela forte massa de ar polar veio com muita força, logo, nevou não apenas nas serras gaúchas e catarinenses, nevou em outros lugares menos usuais. Na segunda-feira, dia 22, o frio só se fez aumentar e as expectativas todas ficaram para a terça-feira porque além de a temperatura do ar estar muito baixa, houve precipitação, a combinação perfeita.

Gelada e ventosa, a terça-feira deu as caras. Os primeiros flocos foram registrados aqui na cidade ainda bem cedinho. A resolução da câmera do celular não captou a essência e a importância daquele instante. Durou pouco, bem pouquinho mesmo, suficiente para roubar um sorriso do rosto daquela menininha de 9 anos que sonhava em amanhecer e ver os telhados das casas vizinhas cobertos de neve, que se imaginava saindo para fazer um boneco de neve e desenhar corações nos vidros do carro.

Não teve nada disso, é verdade, porém foi um dia histórico que ficará sempre guardado na memória porque tão cedo não irá se repetir, se é que se repetirá. Lembro do gosto daquelas bolachas de maisena com café, de usar três blusas, duas calças, meia, pantufa e gorro para manter-me aquecida, da sopa de frango com legumes que esfriou bem rápido e do texto que redigi preenchida da mais pura alegria de realizar um sonho.