intimidade
Falta intimidade. Não aquela que se obtém entre lençóis, mas aquela sob a pele.
Aquela que pulsa e que permite o escárnio das palavras ou a indiferença do silêncio.
Falta a intimidade que não intimida, a que não afasta, mas que comunga olhares e divide o medo.
Falta aquela que cria força e dita o curso. Discurso.
Cumplicidade.
Falta intimidade. Completar o pensamento, a frase,
Não precisar descobrir mais nada, e ainda assim ser pego de surpresa.
Íntimo, entrar feito cachorro magro pela fresta entreaberta e ficar, sem pejo.
Quantas vezes me peguei estudando scripts, distribuindo as falas...
ou só mesmo para ter o que dizer naquele silêncio absurdo de chato.
Aula. Lá vem ele.
Diz logo o que pensa e vai embora, me deixa comigo.
Sei do que gosto, o que gosto de ouvir ou beber,
de como gosto do beijo.
Anos-luz (acho incrível medir distância evocando o tempo!)
e essa é a distância entre o que nos torna íntimos ou meros invasores de espaço
Abutres sobrevoando os restos;
que interesse ainda haveria nestes fragmentos?
Não me toque se não me alcança o avesso