Enseada de Lembranças.
Enseada de Lembranças.
Avistei ao longe, velas cruzando o horizonte. A beira da enseada, penso nas muitas viagens feitas ao por do sol, nos tantos mares navegados, nas incontáveis ilhas que aportei, algumas delas vazias, cujo peito emanava solidão, outros tão cheios, que, a necessidade de implodir, emanava a toxina da paixão, e, alguns pontuados, sem nada, mas, com tanto a oferecer.
Ondas são avisos nítidos das vidas criadas por ventos constantes, morrendo na beira da praia, contudo, também é grandes paredes feitas nas tempestades em alto mar, para se descobrir duradoura.
Ao olhar essas velas deslizando no manto aquoso a minha frente, lembro, de uma pirata de olhar castanho, que, invadiu a orla do meu viver, saqueando, pilhando, deixando marcas por onde passou. Neste caos sentimental, sentir-me escravizado pelos seus poemas, preso pelo seu sorriso, entregue a toques revolto de um oceano em plena calmaria.
Então,...
Dou alguns passos à frente deixando a água cobrir meus pés, o mar convidava-me a um mergulho no profundo azul. Caindo em mim, pensando na palavra a pouco citada, mergulho fundo nas lembranças de um final de semana, onde pude contemplar de um velho farol, aquela criança despida das vontades de outrora. Numa noite de luar traquina, cujo projeto em nada teria sido tão perfeito se não fosse pela canção entoada em nome desses dois corações em busca de um momento de felicidade.
Mergulho então no azul deste pélago, dou braçadas em sua direção, na minha direção uma onda transversal abraça-me, pude sentir seus beijos molhados de saudades, e, toques tão fortes quanto o desejo de reviver aquele devaneio.
Avistei ao longe, velas cruzando o horizonte. A beira da enseada, penso:
- Quando será?..
Texto: Enseada de Lembranças.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 20/07/2023 às 17:20