Autocontrole
Em noites solitárias como a de hoje, as paredes do meu quarto parecem mais melancólicas que o normal. Nada de barulho na casa ou na rua, nenhuma cor além de um preto e branco deprimente ao meu redor, nada do meu celular vibrar com a mensagem de alguém. Pra ser sincera, minha vida se encheu tanto de novidades, que não tive tempo nem oportunidade pra pensar em como mudou. E o que sinto falta da antiga vida. Não sei se é a distância ou falta de alguém pra desabafar. A solidão sempre me foi uma companheira interessante para encontros comigo mesma. Mas hoje ela me sufoca e me faz repensar em absolutamente tudo.
Eu, que sou toda sonho. Eu, que sou toda vida. Eu, que sempre tenho certeza, me pego aqui duvidando das velhas convicções que carrego comigo. Eu, que planejo cada passo, começo a encarar minha face no espelho e vai ficando impossível ignorar uma certa perguntinha impertinente dentro do meu mais íntimo eu. E se der tudo errado? Será que serei capaz de suportar a pressão? Como fui capaz de cometer um erro tão infantil quanto planejar tudo sem contar com as probabilidades de erro… Perigo à vista. E ultimamente tudo que importa pra mim, anda dando errado.
Faltou responder uma porção de perguntas que inquieta minha mente, afinal nada em mim é pouco. Ou sinto tudo ou sinto nada, e nunca é fácil seguir em frente. E sequer sei se estou mais perto de estar certa ou errada. O problema é que eu não consigo enxergar uma briga sem ser como algo a ser evitado. Meu negócio são os bons combates, desses eu entendo e sei como ganhar. Quando eu sou batida nos combates que a vida traz sem eu ter ido buscar, volto a me deprimir por pouca coisa. Meu exterior é alegria, meu mundo é colorido. O que me assusta é a hora de fechar os olhos; sem enxergar cor nenhuma caio na escuridão de encarar meus medos e coisas que não quero atrair.
Se minha personalidade intensa às vezes se perde nas curvas por andar numa velocidade alta demais, me resta deixar de importar, mas não sei fazer isso. Talvez seja a cidade vazia, do qual me sinto desacompanhada, os amigos moram longe, a fé foi abatida e o que sobrou você se agarrou sem se dá conta que pode ser perigoso. Você se esqueceu do preço do coração em cacos de vidros estilhaçado nas batidas e como as lágrimas doem. Lembrar é necessário, pois você desativou o botão alerta, que jurou não desligar. Afinal se tudo dá errado? Você não quer começar de novo, então se liga.