E, Pela Primeira Vez... Ele Chorou.

E, Pela Primeira Vez... Ele Chorou.

(O Adeus sem Por Quê...)

O universo em sua sabedoria, sabe, que, nada dura.

Aquilo que te agrada, um dia desagrada.

Aquilo que conquistamos, nunca possuirmos.

Aquilo que acreditamos viver sonhos, torna-se pesadelos...

Um homem, sentado embaixo do pé de Cajá, rabiscando na areia, letras sem conexões, com a cabeça baixa, sentindo um pesar indiscutível, e, um desconforto no peito, de, novamente ter tentado, mas, em vão...

Lembrando do passado, não muito distante, quebra o galho na mão, mostrando ira por ter tido tão pouco tempo, e, o prematuro adeus.

Passando pelo local, um amigo o vê.

- E, ai cara.

O homem nada responde, então, seu amigo se aproximando, segura seu ombro.

- Velho não me escutou?

O homem, soltando fragmentos do galho, levanta a cabeça em direção ao amigo, baixando-a em seguida.

- Cara que pesar é este? O que está te corroendo a tal ponto? Logo você, o cara que tem sempre uma piada na ponta da língua, embora, muitas delas, um pouco pesadas. O que há?

O homem, ainda olhando seus rabiscos na areia, responde:

- O de sempre!

- Qual é. Espere um pouco.

O amigo, vai em direção a velha casa, e, chama a veia.

- Veia. É D. Ele está meio cabisbaixo na Cajazeira, dizendo ser o de sempre...

A veia andando bem devagar com sua muleta segue até o local.

- Mais uma vez!

O homem levanta a cabeça, olha nos olhos da veia, e, sem dizer nada, fixa seus olhos nos dela.

- D. quer desabafar?

O homem respira, e, diz:

- De que adianta? Mais uma vez eu pensei ter algo bom, algo que era puro, para descobrir o quê?..

- D. nada dura meu filho!

- É, me diga então veia, tudo na vida é uma ilusão de ótica universal, por que, quando penso ter adquirido um sentimento verdadeiro, dá a entender ter sido mentira.

O amigo observando a conversa, entra no debate.

- Cara, você tem que parar com isso, pare de apostar neste jogo de azar, a vida esta sempre mudando as regras, porém, no final da a mesma pedra.

- O quê ele quer dizer com isso é:

Você busca desde a infância uma verdade oculta a todos nós, você aposta de forma tal, que, assusta o que veem.

- Tá bom. Eu devo então rezar da mesma cartilha dos demais?

- Não D. isso também não ajuda.

- O quê fazer? Como agir? Qual a receita certa?..

- Não tem.

- Ajudou bastante. Veia. A prematuridade deste fim, é inconcebível, incoerente, e, inaceitável, até mesmo, para tão pouco conhecer.

- Mas, tudo que lhe resta, é aceitar. Você não vai mudar as decisões de outras pessoas.

- Eu sei!..

A velha abaixou bem perto dele, e, como de costume, pôs a cabeça dele no peito acariciando o centro da mesma, e, diz:

- Ah! Meu menino, queria tanto mudar as trilhas deste seu caminho, apesar desta imagem de intocável, no fundo, você é uma pessoa, que, quem souber te ter, terá uma alma sem igual. Você crê com uma facilidade tamanha, não sei dizer se é bom, ou, ruim, sei apenas, que, faz parte de ti.

O homem. Naquele momento, uma criança. Nos braços da velha, aperta os braços, que, o envolve com carinho, e uma lágrima cai...

- Esta chorando?..

- Não!

- Esta sim veia...

- Eu pensei, que, não fosse viver para ver tal milagre.

Ela sorri, e, continua:

- Deve ter tido uma importância e tanto, vi você perder tantos parentes como sua vó, e, vô, sem derramar uma lágrima sequer, e então, uma mulher, causa esse efeito, parabéns a ela.

- Cara devo concordar com a veia.

- De fato, contudo, agradeço a essa mulher ter dado a meu menino, um sabor, mesmo que curto de amor sem atitudes terrenas, talvez, ela nem saiba o bem que fez a você, mas, ainda bem que findou, de outra forma, com o tempo avançando, podia ser pior, daqui a algum tempo, apenas lembranças restarão.

O homem com a voz trêmula, fala a veia:

- É velha,...

- Vamos entrar.

- Não veia. Vou ficar e chupar uma Cajá verde, depois entro.

- Não demore, esta anoitecendo.

O homem consentiu com a cabeça, pegou a fruta, e, mastigando, ficou em silêncio. Sentindo a falta das conversas, dos sorrisos, de tudo em si, enquanto chorava...

O amigo se despediu dele, sem muito o que fazer, vendo as lágrimas cairem dos olhos do homem, pensou:

- E, pela primeira vez... Ele chorou.

Nota:

(Em cada tema da vida, o fim é senhor absoluto. Sou grato por este pequeno momento, e, no fim, tem sempre um adeus com seus infinitos por quês.)

Texto: E, Pela Primeira Vez... Ele Chorou.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 16/07/2023 às 17:38

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 16/07/2023
Reeditado em 17/07/2023
Código do texto: T7838369
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