I-XCVIII Jaezes de vida e morte
Há tempo sinto não ter mais meus mesmos sentidos,
sinto que a ambição empurra-me sem notar o que larguei no caminho.
E o pouco da ideia que tento buscar, perco nas mãos,
sem que o reflexo evite o chão, e chuto com um dos pés,
choro pela causa perdida, e por a sombra que me desequilibra
ser necessária para que eu tenha vida.
Às tantas guerras que me juntei,
sobrevivi e você esteve aqui, mas temi
por saber da inspiração que partirá daqui,
que não suportarei ao ver-te lutar,
perder-me-ei alucinando quem mais lá está.
Só me resta confiar e esperar.
Pois sou um tolo sem armas,
que segura a alma por belos gestos e palavras,
apenas por não ter mais nada.
E antes que acabe a noite, virá a mim,
encerrando a melancolia do cotidiano,
dando-me mais um pouco de sonhos mundanos.
Por Deus, perdoe-me por criticar o passado,
é intrínseco meu anseio pelo infindável,
reluto aprender nesta vida que o tempo é escasso.