Reflexão sobre a violência

Todo o problema da humanidade gira em torno da violência, por isso inventamos prescrições de conduta para vivermos em ordem, por isso temos a moral. Há milhares de anos estamos tentando criar um mundo sem violência, mas a violência continua ainda mais brutal e frívola do que antes. Por quê? Não existe uma maneira de acabar de uma vez por todas com a violência? O que precisamos fazer? Mas ao fazer esta pergunta voltamos a estaca zero, estamos buscando novas prescrições para sabermos como proceder. Não sabemos viver sem que, de antemão, tenhamos uma fórmula para agir. Se queremos acabar com a violência, primeiro temos de acabar com ela em nós mesmos. Não existe outra maneira. Não há o que se fazer. Não fazer nada é a solução...

- "Então temos que sofrer agressão e não fazer nada?"

Não sei se esta é a maneira correta de abordar o problema. Se não compreendemos a essência do problema vamos criar ainda mais ressentimento em nossos corações. Não se trata de simplesmente subtrair a agressão sofrida, mas de compreender a importância de se criar um novo mundo para que a não-reação não se vire contra o violentado, é preciso querer mudar, se trata de perceber que existe outros modos de existência, e, por último, se trata de estar cansado de bater e apanhar. Violência chama violência. Incompreensão gera ignorância. Compreende? Muitas das situações desagradáveis de que somos vítimas (não todas) possui um equivalente interno correspondente em nós que aviva a violência. A vida do dia a dia têm suas agressões, bem sei, os jornais só mostram isso, mas repare sua vida e ao seu redor e verá que a maior parte do tempo não somos violentados por ninguém. Nossa vida não é o caos. Entende aonde quero chegar? Pouca a pouco, abandonando nossas reações automáticas, vamos filtrando os fluxos de agressões menores. É trabalho de formiguinha. O verdadeiro trabalho começa em casa, com nossos familiares e amigos. É preciso realmente ter se cansado desse modelo de vida para compreendermos a importância de mudarmos. É preciso pensar como humanidade, não como indivíduo.