Sobre a humildade
Que devo eu pensar sobre aquilo que vejo? Pois que a beleza não mais me engana: uma bela rosa é, no final das contas, flor como outra qualquer. Não vede, porém, contenda nenhuma entre as espécies: nascem, vivem e morrem, em solos diferentes, mas fadadas ao mesmo fim. Tudo morre, inevitavelmente, a beleza não é uma excessão. Diz o poeta: antes de lançar o machado sobre uma árvore má, olhai para dentro de suas raízes. Gritava a ferida de Alexandre: és mortal. Que direito tenho eu de pisar nas outras espécies que diferem de mim? Minhas raízes estão corrompidas como as delas e, ainda que o ego empregue-se em enganar-me, sei que não estou mais livre do que são escravos de seus pecados. Sejam humildes, flores que habitam o mundo, pois são, na visão de outras criaturas, alimento e pura paixão.