Minha religião
Eu sou cética, poderia escrever uma carta dizendo não crer na existência de Deus, como fez Darwin, mas a minha não valeria nada, ao contrário da dele.
Eu também sou seca, fria, um tanto camaleão, sem urgências, a não ser ler. Confesso, minha compulsão! No entanto, foi no prisma de uma tarde típica, ao meu gosto, tarde vazia, solitária... outono, folhas no chão, que reluziu um azul-escuro me tragando como um cigarro, e então, me vi caída em seus braços.
Mesmo eu sendo como um ciclope, me cegou com aquele seu licor guardado em sua doce saliva. Me possuiu como um espírito perdido, num ciclo de devoção, e nunca mais, mais nada foi igual. Eu era cética, hoje, é você a minha religião.