Amo a tristeza.

Alerta!

A tristeza chegou...

Apaixonei-me por ela!

Hoje conheço-a bem, pois que mergulhei nela.

Hoje, fui ao fundo e asfixie-me...

Vi que lá é apenas o começo!

Desaconselho que se façam assim!

Mas, incentivo que entendam seus meandros, atalhos e descaminhos.

Mas, façam isso de longe.

Grito que se afastem dela!

Aproximem-se apenas o suficiente para que a vejam de relance.

Sinti seu sabor.

Degustei-a como um goles de vinho de safra única.

Vi-me em parto e parti!

Parti-me na dor do parto na minha tristeza.

Parti-me ao meio.

Nela me parto e fortaleço-me!

Minha pele é crosta segura, ríspida,

E coração refeito a frio.

Toque-me e sinta que morri.

Esfarelei-me e refiz meus farelos,

Sedimentos, ferragens e concreto!

Quebre-o e encontre-me, pois que nele, renasci.

Amo a tristeza!

Apaixonei-me por ela!

Repouso nela em crostas;

Gelo, ventos frios que aquecem meu coração!

Tente tocar-me sem medo.

Mas, esqueça o homem que fui.

Onde antes havia aconchego,

Hoje, há gelo e concreto.

Ventos de frio, sem alento.

Gelo que cresce,

É meu alimento, fermento.

Alimenta minha vida diária,

Fria autonomia de idas e vindas,

Sigo em era glacial,

Firme na total independência de dias.

A tristeza me acolheu em seu braços,

Trouxe-me um banquete de gelo,

Congelou-me todos os pelos,

Aqueceu meu coração nevado,

Cortou-me em pequenos pedaços,

E mostrou-me, enfim, nada sei.

Da tristeza, enfim, nada sei, nada sei, nada sei.

Carlos Maciel CJMaciel
Enviado por Carlos Maciel CJMaciel em 06/07/2023
Código do texto: T7830559
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