Sonhar e saber dos sonhos

Faz tempo que não dedico esforços intelectuais aos meus sonhos. Tenho sonhado, eu sei, mas algo me impede pela manhã de cuidar dessa parte de mim e que é só minha.Algo me impede… Como sou sonsa! Eu me impeço, eu não me esforço, eu me entreguei a rotina de abrir os olhos e começar o dia com uma caneca cheia de café com leite.

Sonhar e saber dos sonhos exige disciplina e privilégio, Sidarta Ribeiro em seu livro “Oráculo da Noite” escancara que até sonhar é privilégio de classe e de quem tem saúde mental. A rotina exaustiva do pobre e a epidemia de medicações para dormir faz com que os sonhos sejam um detalhe que não faz diferença nenhuma na rotina, afinal, lembrar de um sonho demanda tempo e o pobre tempo não tem. Para sonhar a biologia tem sua rotina quimica toda noite e o excesso de medicações interferem, desregulando o que há de mais gostoso nessa vida: sonhar e lembrar.

Minha ligação com o sonho vai além da biologia, vai além da exatidão das químicas cerebrais e isso Sidarta também aborda em seu livro. Sonhar para mim é espiriual e eu não vou entrar em detalhes, existem mistérios pessoais que não devem ser expostos em demasia. Eu tenho saudade de lembrar dos sonhos… Meus sonhos são filmes interessantíssimos, engraçados e caóticos. Por isso, eu sinto falta da lembrança deles.

Estou aqui pensando sobre o sonhar porque é minha coisa preferida em mim, se eu pudesse te dizer o que mais amo em mim, eu diria: Eu amo meus sonhos. É um encontro. É despedida. É alívio. É alerta. É vida que pulsa sem embrião e sem parto. É um alimento não catalogado. Sonhar é minha coisa preferida e espero em breve encontrar de novo com esse mundo mágico desordenado e extremamente funcional para meu corpo humano.