A quem se preza...
Se achamos exagerados a quantidade de filtros no Instagram, é porque não nos demos o prazer de pensar em quantos filtros impomos ao nosso pensar e ao nosso agir. Pensar nisso só faz com que os demais filtros não passem de ferramentas de modelagem. Tons e formas, um enquadramento profissional, aquela eliminação de manchas que não deveriam estar ali; ser só mais uma peça no excesso do que é perfeito e desejado. Abrir mão do que se é para estar.
Esse ou aquele diagnóstico psicológico já não faz mais diferença, é só um atestado de permissão. Se choras, se cortas, se sofres, tanto faz, já não lhe pertence mais. É tudo culpa dela, da doença. Se estivesses bem, sabemos... não farias nada do que fazes! Quem não quer ser feliz?
Sabemos... Sabemos, sim! Desqualificar quem nos diz o contrário. Se no mundo há espaço para as oito bilhões de pessoas, por que queres dar pitaco no meu espaço? Cuide do seu. Se preze o respeito e me poupe. De preferência, de maracujá. Os dias já me cobram de mais.
Tudo se tornou tão passageiro. Sofro por ter um relógio de pulso lindo, mas só prestar para olhar as horas no celular. Onde é que estou com a cabeça? Preciso me cobrar para não me atrasar, alguém pode ocupar o meu lugar. Eu não sei aonde isso vai me levar, mas que me tirar daqui, de onde não quero estar.
São só ideias adversas sobre o que não se fala mais. São só traços do que cheguei a pensar uma vez, mas esqueci no minuto seguinte. Já não tenho mais aptidão para gozar do que faço. Há quem se dê o direito, mas a quem se preza...