Noções de questão interna e externa em Carnap
Rudolf Carnap não busca ser um nominalista nem um realista, mas sim um autor nesse entremeio, com uma abordagem acerca da semântica, da teoria do significado e da verdade com base em sistemas de referência linguísticos, chamados de frameworks (F-sistema de referência). É nesse âmbito que despertam as questões internas ao sistema de referência e as
externas em relação a ele. Assim, visualiza a existência de entidades como internas ao sistema de referência, estando essas submetidas a regras de confirmação. As questões em debate podem também se vincular à discussão da realidade de tais entidades. Por exemplo: ao questionar “o número 5 é uma entidade real?”, estamos diante de uma indagação acerca da realidade. Para Carnap, esse tipo de construção é considerado uma pseudo-questão que não possui um significado por si só, pois indaga sobre o real e está para além do formalismo, o que a define como uma questão externa ao sistema de referência, por se referir à realidade. Já as questões internas ao sistema são possíveis de resposta, uma vez que tratam da possibilidade de existência de uma dada entidade em um sistema de referência que lhe transfere um significado. Exemplificando: “o número 5 existe?” - é uma questão interna e passível de ser respondida em razão de sua natureza ontológica. Em relação à ontologia, é válida a associação entre sistema linguístico e existência, posto que é por meio do sistema de referência que se pode falar em existência da sentença, ou seja, em sua ontologia. Cabe mencionar ainda a cientificidade de seu posicionamento empirista, ao negar a existência de entidades abstratas. Para além disso, Carnap categoriza as questões internas sob domínio da epistemologia pura, enquanto as questões externas são alçadas no campo da psicologia empírica, por exigirem contextos exteriores ao F-sistema.
Disciplina: Filosofia da Linguagem