Concepção agostiniana de linguagem
A concepção agostiniana de linguagem se verifica logo no primeiro parágrafo da obra de Wittgenstein: “Investigações Filosóficas” e está imersa na teoria do significado como uso, que se posiciona criticamente à linguagem referencial ao entender a inexistência de uma teoria de referência. Adiante, associa a cristalização a Platão, que foi retomado por Santo Agostinho em seu entendimento de linguagem, que diz respeito a uma teoria que busca um patamar especial para um conceito de dada preferência. Assim, a concepção agostiniana remete a acepção de significado pelo fato de um dado símbolo ser associado a algo. É uma linguagem primitiva ao tratar da linguagem ensinada como uma linguagem que aprende a se manifestar por meio de gestos e sons, sendo que a repetição desse último ensina o significado da mesma, em uma prática associativa do som ao sentido, o que estabelece uma conexão. Já o aprendizado pela apreensão de sentido tendo como intermédio o ato de apontar para um objeto e nomeá-lo, remete a um aprendizado por ostensão. Ou seja, a concepção agostiniana se refere a um modelo de linguagem que cristaliza uma ideia de como as coisas são. Para Wittgenstein, a cristalização necessariamente recai em uma linguagem primitiva, que é caracterizada pelo autor como formada por diversos tipos de proposições que não se adequam a um critério de verdade ou falsidade, dada a sua complexidade, o que culmina em suas teorizações sobre os jogos de linguagem. Em síntese, a concepção agostiniana não remete somente a Santo Agostinho, posto que se trata de um quadro geral de como a filosofia considera a linguagem na identificação entre um dos elementos da linguagem (som, gesto, símbolo, etc) e o objeto ao qual se refere, em um “adestramento” que segue a semântica extensional do modelo objeto-designação, também chamado de modelo ostensivo, tensionando o elemento da comunicação para algo
externo, na compreensão de que uma palavra designa determinada coisa, o que muito dialoga com a teoria das formas de Platão.
Disciplina: Filosofia da Linguagem