I-XCVII Jaezes de vida e morte
Quando acordei, notei perder os dias nesta noite única.
Sinto ter passado meus anos de juventude e, agora exausto,
o sono chega ainda tardio e impotente,
largando-me nos sonhos do que foi meu presente.
Roderigo sonha ver-me nas nuvens suspensas,
imagine tua expressão ao ver-me nas trevas imensas.
Embora a noite nos para, podemos ainda tentar,
encontrar a vida nas palavras, a única forma de nos alcançar.
E se um dia vir eu a amadurecer, libertarei minha alma de Veneza.
Por enquanto, sou tolo, preso às artimanhas de Iago,
gasto a vida pelo fado de Cassio, um triste afago.