Olhando de fora para dentro
Um dia, deve ficar certo olhando de dentro para fora.
A gente ainda acha que pode obter respostas para tudo, mas não é bem assim. O universo trabalha sem parar; seríamos tolos se achássemos que o universo pararia só pra sabermos o que vai acontecer…
Todas as vezes que chove, um leve cheiro de terra molhada invade as minhas narinas, daí retomo pensamentos de outra, que um dia deixou em “banho maria”, e vem como uma brisa suave.
As ideias dançam, bem como a chuva dança ao cair em qualquer lugar, pegando rumo da sua estrada que se alarga, e não para.
Um dia, resolvi apenas observar o que eu sentia, de dentro para fora. Deixei que meu conhecimento de mundo se espalhe pelo ar, visse como uma energia sobre minha mente, e me faça ir bem longe.
Na verdade, eu nunca precisoi sair do lugar para ir tão longe; o pensamento não tem limite, muito menos o meu espírito.
Daí, no vagar de tantos pensamentos, me vi mais velha; com algumas rugas que o tempo me trouxe, mas quando olho no espelho me sinto mais calma. Trata-se apenas de um rosto que envelheceu, porque minha alma é eterna.
Porém, ontem eu vi um outro lado de olhar: o de fora para dentro, quando eu assistia a um filme leve, sobre uma menina que sofreu um acidente de carro e perdeu a memória. As pessoas ao redor dela fizeram de tudo para ela se sentir bem, levando-a em lugares antigos para quem sabe trazer alguma lembrança. Ela tentou, fez a vontade de todos… Mas no fim, o olhar não era de dentro para fora. Nesse momento de encontrar a si mesma, ela descobriu que vivia um universo paralelo, que ninguém ao redor sabia.
Ela escreveua poesias, e ninguém sabia. Ela frequentava um grupo de pessoas que compartilhavam seus dons, e ali todos tiravam o peso das costas da rotina pesada e atarefada. Era um mundo dela que ninguém sabia.
O que aconteceu?
A memória não voltou, mas ela sentiu muito mais afetuosa com essas atividades que ela escondia de todos. Então, ela se perguntou:
Por que nunca contei a ninguém o que eu gostei de verdade?
A sociedade exige de você algo, e se você for alguém que vive se moldando para agradar, vai viver com esse peso. Era assim que ela viva: o melhor para ela não era o que ela queria.
Então, ela disse:
“Agora estou olhando de fora para dentro, porque quero enxergar o que há dentro de mim”
Quantos de nós esquecemos de perguntar a si mesmo o que de fato queremos?
Estamos olhando de fora para dentro ou de dentro para fora?