Um pedido de Socorro para o Amigão da Vizinhança...

Como você consegue?

Me ensina Cabeça de Teia, como salvar o mundo e colocar o lixo para fora. Me mostra, como é ser um prodígio, como é que um gênio se comporta.

Como você consegue?

Resgatar uma velhinha e levar flores à Mary Jane?

Impedir um assalto e passar no mercado?

Como você estuda ouvindo às sirenes?

Me mostra Amigão, como é aguentar a pressão. Ser o herói e ao mesmo tempo ser o vilão. Salvar o gatinho da árvore e chegar atrasado ao trabalho, deixar um bilhete na bicicleta roubada e não fazer declaração para a namorada.

Como é o trabalho? Como você consegue entender o mundo? Como que se paga as contas? A cada foto, uma merreca. Quanto sacrifício para pouco retorno!

Amigo como, se tratando tão mal assim, se pode tratar tão bem todo mundo? Onde está sua raiva? Sua fúria? Se nem nos bandidos você desconta?

Como dar conta de tudo e ensinar as crianças? Como consegue lidar com a dor tão bem?

Como mantém o bom humor?

Como é ser a ponta da lança? O saco de pancada?

Você é o suprassumo crístico. A outra face. Me ensina por favor, a apanhar por fora sem me machucar por dentro?  A manter a fé em mim, sem perder a fé em nada mais? A ter uma fé tão esmerosa no bem sem, subsequentemente acreditar no mal?

Me ensina como não ser um Vingador. Como atravessar o trânsito mais rápido. Como me tornar o herói que aguenta o peso das compras do mês. A não revidar.

Porque há momentos que não sei como fazer. Logo eu, que tanto vi você fazendo, não tô conseguindo te imitar. Dessa vez, preciso de você pra me ensinar.

Me ensine como ser mais como você. Eu já não aguento ser como eu.

Mas a verdade é uma só: eu tô aqui, eu sou real. A Aranha que me picou, só deixou a dor de herança. E apesar de ser um ideal incrível, você é isso. Ideal.

O ideal é ilusório.

O que eu posso fazer é o melhor que posso fazer.

Mas sempre serei grato a você, Teiudo. Quando, em dúvida da minha capacidade, da minha força, do certo ou errado, posso me espelhar em você.

Mas é isso. No final das contas, quem vence sou eu. O herói habita em mim. Os vilões estão aqui dentro também. E eu escolho quem vence.

Do seu sempre fã e amigo,

Eu.