Hoje...
Hoje...
Hoje,
um dia normal como qualquer outro, um dia sem sol queimando nossos corpos, mas que, queima em nossas almas a despedida, um dia nublado com pequenas pancadas de chuva, molhando nossos corpos como vestígios de lembranças, porém, daqueles olhos, agora fechados, nenhuma lágrima, nenhum vestígio de recordações, nada...
Hoje,
com o celular nas mãos, atento ao bloco de notas do mesmo, penso:
- Como ele escrevia coisas que nos levam a refletir sobre ações, pensamentos, até mesmo, sobre refletir as reflexões a primeira estância...
Agora nenhuma linha será escrita, reescrita talvez, mas, sem o sabor doce-amargo do seu sentir, sem a essência do seu viver, sem os traços do seu criar...
Hoje,
Ele roubou sua própria vida, por desespero de não ter sido compreendido pelos seus, por não ter dado chance a quem quiz, ou, dado, para aqueles, que, jogaram fora. Seria por piedade de se ver pensador, e, por pensar, tivera a oportunidade de calar-se...
Hoje,
aqui, em sua despedida, sem parentes sentindo vontade de estar, sem amigos à carregá-lo no ato final, tendo apenas a fina chuva lavando o resto da sua existência, sua filha deixa um desenho em sua esquife, e, eu, que não o conhecia verdadeiramente, mas que, lendo suas composições, entendia um pouco daquela velha alma, volto a pensar:
- Cadê suas canções de que tanto gostava?
Cadê as melodias que entoava em seus sorrisos?
Cadê o tom de cada gracejo em algumas vezes sem nexo?
Cadê a nota maior na música de sua vida?
Cadê?...
Hoje,
Rocha morre...
Dinho se apaga...
Osvaldo nunca existiu...
Então, andando lado a lado com sua filha, que, sorrindo forçadamente à pedido dele, vê-se uma lágrima em seus olhinhos azuis...
Quanto a min, apenas digo...
Adeus amigo.
Texto: Hoje...
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 23/06/2023 às 06:08