Uma pessoa como você

Não sou influenciadora, não sou criadora de conteúdo. Escrevo porque é minha maneira de me expressar, é parte profunda de quem sou. E se uma única pessoa reflete sobre algo, já vale uma vida. Saiba que uma pessoa com depressão não deixa de ser ela mesma. Se ela gosta de rir, ela poderá continuar rindo. Ela continua gostando da sua cor preferida, sua banda mais amada. Não tenho compromisso com termos técnicos ou definições acertadas. Não sou nenhuma profissional nessa área. Só gosto de bater papo, só estou batendo papo. Se é personalidade, essência, energia, não sei, se é de tudo um pouco, não sei também, não cabe a mim saber. Mas pode ser você mesma, uma pessoa próxima, uma colega de trabalho. As pessoas não deixam de existir dentro de si. Você só foi orientada em coisas demais e por tempo demais para questões superficiais. Estamos sempre batendo o martelo pela aparência, e mesmo as pessoas que mais se veem como esclarecidas acabam pensando assim. Tudo bem, o mundo é calculado pra isso. Já faz tempo que se comenta sobre a ignorância, o peso e as consequências de falas como "é falta de roupa pra lavar", "tem que procurar o que fazer", ou "eu sempre trabalhei, nunca tive tempo pra me sentir assim". A gente sente muito por todo mundo que nunca pôde, por qualquer que seja o motivo, olhar para si e dar lugar a tudo. Mas a gente também sabe que a vida de ninguém fica melhor competindo pela maior desgraça. E, sim, nunca ter podido olhar para dentro é uma tragédia. Pessoas com depressão também se vestem bem, se arrumam, trabalham, estudam, malham, são ativas, dão risada, fazem piada. Ninguém aprendeu nada ainda com as duras trajetórias de comediantes geniais? Achar graça na vida, inclusive, pode vir de profundas dores. Não espere que a pessoa não se levante da cama, pode até ser que às vezes isso aconteça com ela e você não saiba, mas pode ser também que você a esteja vendo firme e em pé sem saber o quão difícil foi dormir, acordar ou se levantar do chão em algum momento aleatório do dia.