No Pastel.

No Pastel.

Ele saiu do seu dia de labuta como empacotador numa rede mercantil, como de costume, sempre parava em seu Beto. Seu Beto é um vendedor de pastel, e, como de sempre, pediu seu velho pastel de Pizza. Sentou, e, enquanto esperava o pedido, que, era rápido e já estava ficando pronto, quando deu a primeira mordida, um garoto com duas vasilhas de balas se aproximou dizendo:

- Boa tarde senhor. O senhor poderia pagar um lanche para mim?

Ele, olhou aquele garoto que não tinha mais que seis anos, o fitou bem, buscando sinceridade no olhar, e, ficou entristecido sobre o que viu, em seguida, olhou para Beto, pedindo uma coxinha para o menino e, puxando uma cadeira disse assim:

- Senta ai para esperar.

O menino sentou agradecendo, logo em seguida perguntou:

- Tio, eu posso pedir um pastel?

Ele, levantou a cabeça, após outra mordida, falando:

- Garoto, poder pode! Porém, já foi mandado fritar a coxa, sendo assim, não poderá. Deixa eu te dizer uma coisa, não tenha indecisões sobre o que deseja, pois, a indecisão, é a porta certa do fracasso. Mantenha sempre seus olhos no que almeja, fale com convicção sobre o assunto, e, não tenha medo. O medo transforma o sucesso em derrota...

O garoto olhado-o assentiu com a cabeça dando a entender que havia entendido.

- Aqui está! Disse seu Beto.

Entregou-a ao guri, que, levantou para sentar num banco mais largo, onde melhor colocou suas vasilhas, sentou, e, começou a degustar aquela que talvez fosse a primeira alimentação do dia. Ele, ficou olhando aquela figura, e, sua fome voraz da tarde.

- Cara, você esta de parabéns. Falou Beto.

- Eu! Não seu Beto! Não se ganha troféis neste tipo de atitude, que, por sua vez, devia vir de todos. Agora, em contra partida, não chegue nenhum mendigo pedindo, que, não ganha.

Seu Beto nada falou, de alguma forma, neste momento, sua consciência brigava com a razão...

Ele continuou...

- Eu sou o tipo, que, se puder, faço para aqueles que percebo o seu trabalho no mínimo...

Ele parou, voltou a olhar o garoto, e, disse a Beto:

- Beto. Quanto custa esse refri?

- Dois reais.

- Então, quero um, porque, comer sem beber nada é uma merda...

Seu Beto pegou o refri, chamou o guri, perguntou se ele queria que abrisse. O guri por sua vez agradeceu, e, virando para o homem disse:

- Deus te abençoe...

Ele riu. O menino retornou ao lugar onde estava, enquanto o homem olhou para seu Beto, e, disse:

- Eu já sou abençoado!

Poucas pessoas sabem, mas, ele era cético em relação ao divino, para ele, nem Deus, nem o Diabo existiam, foi quando seu Beto falou:

- Se você não crer, porque disse amém?

- Simples. Vício de linguagem, todos aqui ao meu redor acreditam então, danço conforme a música. Seu Beto, nós temos a péssima mania de atribuir a Deus tudo, e, quando digo "Tudo" é tudo mesmo:

- Deus lhe pague.

- Deus lhe acompanhe.

- Deus te abençoe. Etc...

Será que alguma vez na vida, alguém tentou fazer por si só?

Uma certa vez, eu vinha do trabalho de Bike para casa, nas mediações do túnel Américo Simas, um senhor estava tentando colocar sua muleta presa na sua sem sucesso, parei, cumprimentei-o, peguei um saco de Horti, usei para prender o mesmo. O velho sorriu dizendo:

- Deus lhe pague...

- Eu por minha vez, recusei tal sentir, me virei perguntando a ele por que Deus? Eu não fiz isso por pagamento, logo ele não precisa me pagar nada, além de que, ele não contraiu nenhuma dívida para comigo. Agora assim, se o senhor acha que me deve algo, não aceito de Deus, seu dinheiro para mim não vale nada aqui, já você, se realmente quer me pagar, façamos o seguinte, quando você estiver em algum lugar, e, ver uma pessoa precisando de ajuda, estenda a sua mão, assim, estará me pagando Ok. Segui viagem...

Entende seu Beto, se, cada um pagar sua própria dívida, sem por Deus endividado, o mundo não ficará perfeito sabemos, mas, um pouco melhor acredito, eu, digo com propriedade, se assim for, ninguém aprenderá nada, pois, é nas dificuldades que crescemos como ser humano, e, espirito.

Seu Beto concordou com todo pensamento, embora, estava nítido a não compreensão sobre tal argumento, então, me levantei, e, despedindo-me, agradeci o pastel, e, fui embora...

Nota:

Texto criado por um acotecimento hoje, em que, paguei uma coxinha para um garoto vendedor de balas...

Texto: No Pastel.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 16/06/2023 às 21:40

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 18/06/2023
Código do texto: T7816390
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