SOMOS MUITOS, MAS NÃO SOMOS NÓS MESMOS
Amanhecer de mais um dia ao raiar a bel’alvorada n’àquela hora
Quem negaria a sua linda visão que a Vida a todos oferta?
Contudo, há quem assim faria (e não são poucos)
Tomados a que estamos pela pressa e ansiedade
Saio de casa todos os dias ... sozinho
E quando retorno trago comigo uma multidão
E deste modo somos [todos]
Sim, quem do alvorecer de sua vida é no final soment’ele mesmo?
Duvido qu’exista alguém
Todo mundo (como o endemoniado na passagem do Evangelho)
deveria se chamar “Legião” por que cad’um é, na verdade, muitos
Meu Deus! Por que permiti que me roubassem [de mim]?
E da verdade que até a felicidade (à qual todos por ela buscam)
não depende de mim, mas d’alguém que me diga ond’ela está?!
Sim, não tenho mais o direito de procurá-la
Os deuses de todos são também os meus
A fome de todos é também a minha
Assim como suas dores e angústias
E interessante que nos sentimos confortáveis porque “somos todos”,
mas não somos ... nós próprios
E deste modo somos o tempo todo [no que preferimos assim ser]
Com certeza pelo fato de que caso alguém queira ser somente ele
inevitavelmente será por todos rejeitado e excluído
Excomungado do mundo
Pois é ...
É preciso muita coragem para que alguém prefira ser ... soment’ele
Felizes oh! os que se sentem sozinhos
Todavia, isto é tão raro ...
Talvez na hora da morte, sei lá!
Sou todos, mas não sou [eu]
Eis minha miserável verdade
E todos são assim
E se todos estão espalhados em todos talvez eu esteja ... em alguém
Será?
O dia está findando
O clarão dos últimos raios do sol a se agonizar n’aquele horizonte
Que farei, pois, amanhã ao sair de casa?
Irei em busca ... de mim
Se uma multidão está em mim, talvez eu esteja ... em alguém
Será? ...
Carlos Renoir
Rio de Janeiro, 15 de junho de 2023
ILUSTRAÇÕES: FOTOS PARTICULARES
MÚSICA: “CAÇADOR DE MIM” – Milton Nascimento
https://www.youtube.com/watch?v=Se9XYKHQi3Y
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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES
SOMOS MUITOS, MAS NÃO SOMOS NÓS MESMOS
Amanhecer de mais um dia ao raiar a bel’alvorada n’àquela hora
Quem negaria a linda visão que a Vida a todos oferta?
Contudo, há quem assim faria (e não são poucos)
Tomado a que está pela pressa e ansiedade
Saio de casa todos os dias ... sozinho
E quando retorno trago comigo uma multidão
E deste modo somos [todos]
Sim, quem do alvorecer de sua vida é no final soment’ele mesmo?
Duvido qu’exista alguém
Todo mundo (como o endemoniado na passagem do Evangelho)
deveria se chamar “Legião” por que cad’um é, na verdade, muitos
Meu Deus! Por que permiti que me roubassem [de mim]?
E da verdade que até a felicidade (à qual todos por ela buscam)
não depende de mim, mas d’alguém que me diga ond’ela está?!
Sim, não tenho mais o direito de procurá-la
Os deuses de todos são também os meus
A fome de todos é também a minha
Assim como suas dores e angústias
E interessante que nos sentimos confortáveis porque “somos todos”,
mas não somos ... nós próprios
E deste modo somos o tempo todo [no que preferimos assim ser]
Com certeza pelo fato de que caso alguém queira ser somente ele
inevitavelmente será por todos rejeitado e excluído
Excomungado do mundo
Pois é ...
É preciso muita coragem para que alguém prefira ser ... soment’ele
Felizes oh! os que se sentem sozinhos
Todavia, isto é tão raro ...
Talvez na hora da morte, sei lá!
Sou todos, mas não sou [eu]
Eis minha miserável verdade
E todos são assim
E se todos estão espalhados em todos talvez eu esteja ... em alguém
Será?
O dia está findando
O clarão dos últimos raios do sol a se agonizar n’aquele horizonte
Que farei, pois, amanhã ao sair de casa?
Irei em busca ... de mim
Se uma multidão está em mim, talvez eu esteja ... em alguém
Será? ...
Carlos Renoir
Rio de Janeiro, 15 de junho de 2023