Minha interminável poesia

Das fotografias que decoram minha memória, as suas são as mais lindas. O cotidiano lhe traz à tona e, mesmo que meus olhos fiquem marejados, é um passado que visito feliz.

Confesso que desejo que você passe pelas minhas lentes novamente e que se grave em mim num self. O último retrato que tenho de você, é na estrada para longe de mim, logo após tornar meus dias a poesia mais bela que não consigo finalizar.

Diariamente me transporto para perto de você. Para as noites que nos encontramos, nos beijamos, nos abraçamos e conversamos sobre tudo o que a vida era e poderia ser. Eu queria estar contigo agora, mas talvez nossos dias já não seriam tão incríveis como foram naquele curto período de amor. Partimos antes que pudéssemos nos ferir. Mas estou ferida, com um rasgo que sinto que só existe em mim.

Me transporto para as caminhadas nas livrarias e sebos, onde eu dividia minha atenção entre os livros, discos e você. Tudo, inevitavelmente, se tornava poesia. Visitávamos e compartilhavamos histórias já escritas, discos já gravados e eu compunha meus versos sobre aquele amor que nascia em mim.

Você foi a minha poesia mais bela. Você é a rima que meus versos não cansam de dedilhar. É a minha interminável poesia.