Sacrifício
Estou me desfazendo de algumas obras raras de minha coleção pessoal. Neste momento, cada transação bem-sucedida significa um livro que me abandona e uma punhalada certeira que corre de encontro ao meu peito. Mas faço isso por motivo que para mim é importante: pretendo adquirir algo que muito me interessa também.
E não é isso mesmo a vida? Desejar algo ardentemente, alguns chamam de objetivo, outros de sonhos, e após obter êxito nesta empreitada, gastar tempo e suor já formulando a próxima? Seria o desejo, seja qual for, a mola propulsora da existência humana? Poderíamos chamar de homem morto aquele que ao deitar-se vai de encontro a um véu negro que é avesso aos sonhos? Não seria o fim de um homem quando o mesmo percebe que já não deseja mais nada?