A roda gigante e a garrafa de vinho

Eu já tive as minhas heroínas. Sempre andei tentando acompanhar as suas ousadias.

Mas, mesmo para alguém de tenra idade, não é nada recomendável alimentar heróis, fadas, gnomos ou duendes... Melhor será que a pequena aprenda a ser a heroína. Ou transformar-se a si própria numa fada, em vez de perseguir as que andam soltas nesse mundo.

Quanto aos gnomos e duendes, melhor não tentar nada — basta deixá-los presos nas linhas dos livros infantis.

Pois bem, cresci.

Mas não cresceu em mim nenhuma fada ou heroína, já que preferi passar o tempo a admirar outras.

Aí, um dia, na roda gigante somente cabiam duas de cada vez, e haviam três garotas e uma garrafa de vinho... Naquele dia aprendi que nem sempre a gente é a primeira escolha da nossa heroína.

Aprendi que amar intensamente não lhe garante receber o mesmo sentimento em troca;

Aprendi que a vista de cima da roda gigante é linda mesmo que você esteja só;

Aprendi que não é legal tentar tomar uma garrafa de vinho sozinha, e de uma só vez. Melhor beber aos poucos...