Loucura ou Sanidade?

Ele chegou silencioso, cabeça baixa, sem notar nada ao redor, nem mesmo parecia buscar condução para lugar algum, caminhando devagar, e, pausadamente, sabia onde ir, sabia o por quê, talvez só não tivesse razão..

Eu, parecia ser a única pessoa a perceber aquele errante em sua penitencia interior, ele, virou-se devagar como se estivesse sendo manipulado por cordas invisíveis de um ventríloquo paciente. Sentou-se no banco, mas, não levantou a cabeça, e, nem mesmo os olhos, estava vazio, brigando entre a razão, e, a desilusão...

Pensei comigo!

Devo ir até lá?

Devo interromper o momento?

Devo ficar aqui, pois, nada tenho a ver?...

As horas passaram, em um determinado segundo, ele levantou a cabeça, seus olhos cheio de água, com a face entristecida, e, ao mesmo tempo implorando por ajuda, mas que, ninguém ouvirá. Olhou uma vez mais para a laje do subsolo na estação, como se estivesse olhando o céu na última tentativa de ser salvo, e,...

Nada!

Baixou de novo a cabeça, correndo a mão em direção do cós da calça, puxou um trinta e oito cano curto, nessa hora, os moribundos prestaram atenção, foi um corre, corre, pessoas caindo, pessoas gritando, pessoas apenas observando...

Chega a polícia fazendo mas alarde que as figuras naquela estação, chegaram ao rapaz, que, sentado continuava apenas olhando aquele que, daria fim a todo seu tormento em frações de segundo, respirou, e, foi ai que, segurando o revolver em vertical puxa o gatilho, seguido de um estrondo, e o corpo, com a cabeça voltada para trás, com os olhos arregalados fitando o céu de concreto e areia...

Nunca saberei por que! Nem mesmo, qual tristeza se abateu sobre aquele infeliz a esse ponto, mas, de certo, sei apenas, que, por esse motivo, tirou a própria vida, tornando-se mais um número...

Fico às vezes me perguntando, e, se eu estivesse ido lá, seria eu capaz de mudar o destino dele? Que palavras dizemos na hora de tais decisões?