Ter alma não é fácil
Bendita, maldita alma, comportando-se como criança, ora como um idoso, um deus, ora como uma flor. Sabereis que essa alma reclusa se quer, extrai-se de si vez ou outra desejando o martírio, a forca, redenção. Não sabe se voa com suas asas negras e extensas ou se repousa no subsolo da desilusão. Se se tem um sonho, ousa a acariciar suas mãos, ou o rejeitando manda que vá para o mais longínquo mar. Alma desenfreada, quer a plenitude da escolha, seguir os regatos nas florestas escuras bebendo das águas turvas. Bem se vê quanto se ganha ou perde frente a tudo. A auto suficiência é uma virtude que se desfaz frente à necessidade de querer-se. Almas são assim, contraditórias em sua essência. Benção, maldição, elas estão se movimentando em delicadas voltas ao redor e do lado de dentro dos corpos que escolheram. E que bonança quando se revoltam! E que estrago quando se aquietam - ser alma não é fácil tampouco ter uma. Pode doer demais, e pode realizado fazê-lo sentir. Seja como for, estar vivo é lidar com ela: um presente, um escárnio.