POEMA DE GIZ
Alcanço a maturidade e vejo que nada era mesmo importante. Exceto o dia em que me cabia. Diferentemente das fases primeiras - Com seus apegos frívolos, pois são feitas do tecido da ingenuidade. E o inocente não sabe o que é sofrer. O essencial é o agora... - Que já passou. Mas, não perdi meu tempo. O tempo somos nós. Perdi a mim mesmo. Vivemos de coletar, acumular. E a vida é leveza. Quanto mais doamos, mais nos achamos. Que fiquem pelo caminho as coisas que nunca vamos precisar. E que eu carregue apenas "o chocalho fatídico dos ossos". Nunca houve milagre... Apenas histórias bem contadas para que não acreditassemos na verdade. Tudo o mais é ignorância. Ignorância, essa, que levou a humanidade a ser escrava do medo. De resto, seja o seu confessor. E no dia em que tudo for consumado, deixe como herança uma flor de mato; e, escrito na lápide, um poema de giz.