"O mundo é tudo o que é o caso" - Tractatus Logico-Philosophicus
O Tractatus Logico-Philosophicus consiste em uma obra de Wittgenstein que recebeu influências de diversos pensadores, e sua primeira proposição, expressa do seguinte modo “O mundo é tudo o que é o caso”, indica um caráter ontológico ao tratar acerca do mundo e de sua organização. Nesse sentido, o mundo seria composto por tudo aquilo que nele existe, e de tudo o que poderia existir nos âmbitos temporal, material e espacial, uma vez que tudo o que é possível está pressuposto nele. O obscurantismo pelo qual essa frase introdutória da obra é conhecida, se explica pelo frequente desconhecimento sobre a pretensão do autor em utilizar o termo “caso”, que pode ser definido como o conjunto de acontecimentos que configuram o
mundo, passíveis de mudança, e, portanto, de alteração da configuração das coisas e dos fatos no universo. Pode-se verificar que se o caso é o que acontece, então o que não é o caso é aquilo que não acontece, de forma que é válida a distinção entre fatos positivos e negativos. É propício ressaltar que a mudança de algo não implica uma totalidade de mudança dos fatos, uma vez que não se estabelece uma relação de causalidade entre uma coisa e outra, bem como inexiste uma hierarquia entre os fatos, sendo o mundo um arranjo das coisas que se encontram em determinado estado e que pode ter um sentido verdadeiro ou falso, diferentemente de tautologias, contradições e contrassensos. Logo, diz-se que o mundo é o caso ao se considerar o caso como os fatos que de tal maneira se organizam e conferem-lhe uma dada disposição. Por fim, o mundo para Wittgenstein é espelhado pela linguagem, e essa por sua vez, é reciprocamente espelhada pela realidade do mundo. Seguindo em sua obra, analisa-se que a segunda sentença deriva da primeira, ao detalhar a interação das coisas no mundo e sua distribuição, bem como as possibilidades relacionais dos objetos entre si.
Disciplina: Filosofia da Linguagem