Diferenças entre Stuart Mill e a teoria do significado de John Locke
Em sua teoria dos nomes, o filósofo empirista Stuart Mill questiona a concepção lockeana de significado ao dirigir críticas à ideia de que os nomes fazem referência aos nossos conceitos. Para Mill, os nomes condizem com os nomes das coisas em si, não de nossas ideias sobre as coisas. O pensador acrescenta ainda que os nomes próprios denotam os indivíduos aos quais o
nome é conferido, mas não acarretam um atributo como pertencente a esses, ou seja, não promovem conotação. Como lido no primeiro capítulo do livro “Filosofia da Linguagem”, C.R Braida afirma que Mill mantém uma ideia instrumental da linguagem e busca alçar entendimentos mais amplos para além dos tecnicismos, rompendo com a noção de que o significado é mental. A diferença entre as duas teorias é que Locke se fundamenta no princípio da imanência ao afirmar que só se pode ter acesso às próprias ideias ou representações, posto que o olhar para o mundo reflete aquilo que há no interior da mente. Nisso consiste um princípio do psicologismo, aludido por John Locke e criticado por Stuart Mill, que o compreendeu como
um reducionismo dos eventos às explicações da psicologia em um contexto de efervescência científica, o que se demonstrou insuficiente. Esse fenômeno afetou o tema da linguagem e a forma como a mesma será tratada adiante por pensadores, com destaque para Edmund Husserl, que também busca se distanciar da ascensão do psicologismo frente às demandas mais
complexas. Outro ponto de diferenciação entre as duas teorias supracitadas diz respeito ao entendimento de linguagem para Locke, tratando-se de um meio de comunicação exterior em que as ideias são independentes da linguagem, o que diverge do pensamento de Mill e distancia-se deste de forma a garantir que o significado imediato e apropriado das palavras são ideias na mente daquele que se expressa pela linguagem. Sintetiza-se assim a preocupação milleana com a enunciação proposicional pautada em verdades objetivas, emergindo de um entendimento de linguagem para além da transmissão de um conteúdo do pensamento, em detrimento de uma autopercepção defendida por Locke.
Disciplina: Filosofia da Linguagem