Ego inflado

Pense no Universo com toda a sua grandeza e riqueza. Pense no Universo com a sua vastidão e imensidão. Pense no Universo sobre o qual tão pouco conhecemos. Pouco este que representa uma ínfima porcentagem do que realmente ele é. O Universo é infinito. E é misterioso. Ele não está aqui por nossa causa. Aliás, muito antes de existirmos o Universo já imperava. Quero dizer que se estamos aqui é por causa dele. Viemos dele. Dessa grandeza incalculável. Dessa imensidão imensurável. Dessa vastidão de coisas a serem conhecidas, mas que quanto mais conhecemos mais entendemos que temos ainda muito a conhecer. O Universo é mesmo impressionante.

E nele há astros. Astros gigantes. Como o Sol que nos aquece e desperta, o Sol que nos ilumina e guia. Há também planetas. Como Júpiter com toda a sua majestade. E Saturno com os seus ornamentos. Há ainda a Terra, a nossa casa, o nosso abrigo, onde vivemos e convivemos, onde a nossa história acontece. Esse planeta que também guarda segredos e mistérios até hoje não resolvidos. Grande demais. Imenso ao extremo. Claro que se comparado ao Universo, nosso planeta seria como um grão de areia. Mas comparados a nós, a Terra é profundamente colossal. No entanto, não reconhecemos a nossa pequenez e agimos como se fôssemos nós os donos do Universo.

E agimos como se o mundo nos devesse algo. Como se as pessoas tivessem que nos servir. Como se aqueles que nos rodeiam tivessem a responsabilidade de nos satisfazer a alegrar. Temos um ego inflado. Ego este que, mesmo inflado, se comparado à grandeza do Universo, passaria vergonha. Ego que só serve para nos cegar e impedir de viver bem, de viver com leveza, de viver com satisfação. Porque esse ego nos faz cometer julgamentos impiedosos, nos faz olhar para o outro e subjugá-lo, nos faz observar aqueles que são diferentes de nós e os condenarmos por isso. Esquecemo-nos do fato de que, apesar das diferenças, temos algo em comum: se comparados ao Universo, nada somos.

E é também por esse ego que vivemos orgulhosos. Não aceitamos que errem conosco. E se o fizerem, tornamos a reconciliação um verdadeiro tormento. Porque nos achamos dignos de todas as reverências e todos os cuidados. Achamos que nunca podem errar conosco, porque somos especiais. Cegados, então, por uma relevância que, sinto muito, na verdade não temos, deixamos de sorrir com aqueles que importam, deixamos de festejar com aqueles que são dignos, deixamos de amar aqueles que poderiam nos fazer sentir o mais terno e profundo dos amores. Porque podemos ser nada se comparados ao Universo, mas somos imensos quando temos a chance de encontrar o amor.

Abaixe o seu ego. Volte a pensar no Universo com toda a sua grandeza. Universo este que, se desejar, pode simplesmente nos engolir e lançar ao esquecimento. Não somos tão especiais quanto pensamos. Nem tão altivos quanto tentamos parecer. Somos simples obras do Universo. Obras estas que alcançaram a misericórdia de serem capazes de sentir o amor. Um amor que só é sentido por aquele que reconhece a sua pequenez.

É claro que se o ferem e o maltratam você não deve permanecer nesse lugar de sofrimento. Antes de amar ao mundo, ame-se. Mas quando falharem contigo porque somos humanos e, portanto, suscetíveis ao erro, pense com calma e serenidade: não perca quem faz a diferença em sua vida por não conseguir reconhecer que a vida é frágil demais para um Ego que infla.

(Texto de @Amilton.Jnior)