Lembranças numa caixinha com fitas
Sinto saudades de uma época não muito distante. Onde podíamos falar o que pensávamos, expressar nossas crenças sem receio de perseguição.
Onde podíamos sorrir e chorar sem medo de julgamentos.
Sinto saudades, quando as crianças não se abatiam facilmente. Onde apelidos era parte da rotina. E a ansiedade passava distante.
Sinto saudades, de famílias mais unidas. Seu direito sua vida. Sua casa sua voz.
Sinto saudades de quando podíamos conversar com os vizinhos até tarde. Quando todos se conheciam e se ajudavam.
Sinto saudades dos acordes do violão do meu pai sob lua cheia, enquanto as crianças o cercavam, o ouvindo cantar.
Sinto saudades de cozinhar pamonha com a minha vó, em época de milho verde. Dos risos e trapalhadas até tudo ficar maravilhoso.
Sinto saudades do riso do meu avô, dos seus olhos me encarando e de toda sua simplicidade.
Sinto saudades...
Quanta nostalgia!
Tempo não volta...
Lembranças numa caixinha.