Café
O café me trouxe um ensinamento incrível: dar a chance para algo desconfortável, até se tornar algo agradável. Podemos pensar que isso não faz sentido, afinal não faço isso com a cerveja. Mas entenda, o café eu tomava com açúcar, mascarava seu verdadeiro eu para se encaixar em algo que eu queria, uma bela e aconchegante ilusão sobre o que eu queria que o café fosse, assim como já encaixei pessoas nas minhas ilusões e expectativas do que eu queria que fossem, ideais a mim.
Assim haviam duas opções, esquecer para sempre essa bebida que não era, de fato, para mim, ou aceitar ela do seu jeito verdadeiro e amá-la como é. Insisti em ver sua verdadeira face, tirando a venda da imagem criada.
Nessa analogia, a imagem criada poderia me revelar alguém que jamais seria para mim, que eu insistentemente criava na minha cabeça sem ver a triste realidade daquela pessoa. Trabalhei para enxergar a própria pessoa, assim como o café, e poderia amá-la ou deixá-la. Mas diferente do café, aqueles que eu me iludi para manter em minha vida, depois de saborear seu verdadeiro gosto, deixei de lado.
Nem todos são o amargo café, muitos são o adoçado reconforto quentinho, que só faz mal.