Morte

Morte

Dizem que para mudar é necessário a morte de algo seu para outra nascer. Dói, incomoda e demora, como se fossem sementes de fruta e até a árvore crescer, dar os frutos e o fruto ficar maduro podem levar dias, semanas, meses, anos e até a vida toda. Mas... e se eu não quiser morrer mais? Mudar machuca, é difícil, assusta e eu nunca sei se vou mudar para melhor ou para pior. Às vezes a morte chega sem permissão e leva uma parte de mim, forçando-me a plantar um novo pedaço, forçando-me a amadurecer.

Aquela mulher me disse que às vezes pioramos para depois melhorar, mas eu não queria esperar, sabe... gostaria que tudo fosse como deveria ser... em um estalar de dedos tudo trocar de aparência e nunca mais serem as mesmas. Mas daí tudo mudaria e todos teriam morrido para nascer um novo nós... e todos estariam sofrendo até melhorarem. Talvez... eu tenha mudado enquanto pensava sobre isso e percebo que doeu bastante conseguir admitir que eu prefiro mudar. É dolorido, mas também é algo novo. Algo que nenhum de nós sabe o que está por vir, mesmo planejando e pensando, as coisas podem não saírem como nós desejamos e sim como precisamos que seja. Ainda será uma parte nossa, ainda serei eu, mesmo que não tenha mais nada de meu primeiro corpo. Sejam os pensamentos, as aparências e até mesmo as dores, porque até mesmo elas terão mudado junto comigo. Porque elas morreram para tornarem-se melhores e partes de mim morreram para tornar-me EU.

(Rafael Santos)