O TEMPO E MEU RELÓGIO ANTIGO

 

 

Fiz questão de conservar um relógio antigo que pertenceu a meu bisavô, Honório Ribeiro. Quando ele faleceu, essa preciosidade ficou com minha avó que, por seu turno, o deixou para sua filha, minha tia. É um Ansonia, de parede, oitavado, com pêndulo, fabricado em New York em 1900. E que necessita de corda uma vez por semana. Eu o recebi de titia, estava muito danificado e paguei caro para que fosse restaurado em São Paulo.

 

Nestes tempos de relógios modernos, digitais, parece uma atividade um tanto insólita dar corda em relógio. Pois nós o fazemos, marcamos a sexta-feira para esse trabalho. Ontem foi dia de corda, algo que já faz parte de nossa rotina. A surpresa foi que me dei conta de como as sextas-feiras parecem chegar cada vez mais rapidamente, o que me causa uma certa angústia, pois agora sou idosa e o fato me traz uma sensação de urgência para realizar alguns planos e sonhos. Claro que todos caminhamos para um fim, mas agora pareço estar caminhando a passos largos. Na infância e na adolescência, o tempo parecia não passar. Não sei explicar o porquê, mas é o que sinto.

 

 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 20/05/2023
Reeditado em 20/05/2023
Código do texto: T7793168
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