Reticências
Eu gosto de reticências… na vida, na alma, na escrita…
Afinal nada nesta vida é definitivo e só a morte realmente nos coloca no fim da linha.
E quem sabe se não continua do lado de lá em algum lugar, alguma dimensão?
Muitas vezes colocamos reticências aqui ou acolá e percorremos outros caminhos. Muito depois retomamos bem ali. Percebemos que lá sempre esteve tudo que precisávamos.
Outras vezes colocamos um ponto final onde não devíamos e fica o gosto amargo do arrependimento e a certeza que agora aquele espaço não nos cabe mais. E vem a saudade e a vontade de voltar atrás.
Por vezes as reticências ficam tão longas que não alcançamos mais aquele caminho e elas ficam lá pra nos lembrar que ali bem cabia um ponto final.
Os labirintos da vida estão cheios de reticências. Encontrar a saída depende de sabedoria e intuição para descobrir qual é o caminho que se transforma em linha reta.
Viver exige coragem e atitude. Exige de nós saber quando recuar e quando avançar.
Algumas reticências estratégicas não são sinal de fraqueza, mas de sabedoria.
Recuar pra depois avançar com a certeza de que a hora é essa.
Quantas vezes a alma se recolhe e coloca reticências no viver. E depois ela se cura e retoma o sentido da vida sorrindo ainda mais linda e sábia.
E assim vamos vivendo entre reticências e pontos sabendo que bem ali na frente tudo pode mudar.
Um novo amor…
Um novo amigo…
Uma nova chance…
Um novo projeto…
Uma mudança radical…
Uma vida nova…
Até que venha o fim da linha e o ponto final.