Encruzilhada XV
Tudo começou com o olhar em uma luneta e um grito de “Terra à vista”
Aqui jaz vera de santa cruz, solo pertencido agora ao meu falso divino
Mas já roubaram tanto desta terra sofrida, que teu povo não conhece mais os seus
Nossos protetores inverteram a trilha para isolar os perseguidores
Quantos Pedros eram precisos para guiar meia dúzia nessas terras?
A luva de veludo esconde um punho de aço
O café é amargo, porém acompanhado com leite fica próximo ao doce
Somos nós que reduzimos dois mil a meros quinhentos
Quem sabes o quão indireto seja o amor aos pobres
Quem sabe o tempo deixe o azul limpar o vermelho
Essas lágrimas pesadas que lembram o gosto do chumbo
O quão direto deve ser para se dominar filho do brasil
Obrigado as partidas, hei de tirar a minha faixa dessa mera colônia
Estamos aqui com nossos olhares nas tais árvores
Onde não só elas mancham de vermelho o tecido
Mas entre a cruz e a espada não há diferença
Pois ambas castraram minha descendência linhagem…
Os ingleses adoçam teu chá com o meu açúcar
E os portugueses compram com nosso ouro
E a nossa Iara encantou os italianos
Junto ao rosa que enganou mais uma espanhola
O chicote não alcança a densidade da floresta
A espada não corta o tronco dessa mangueira
Se correr é o que nós resta
Se a carapuça serve, é o dilema dessa terra
Quem sabes as minas gerais de três mil contos
Que tragam toda aquela a corte ao nosso janeiro
Para fundar aqui o novo império
Digam a todos que hoje fico
Talvez eu tenha preferências ao seu Jorge
O primeiro era tão falho que foi superado pelo segundo
Com os regentes e suas revoltas
E uma falsa maior idade…
Canudos não matam só tartarugas
Que Uruguai esqueça a cor de nosso ibirapita
Mas que levem suas xícaras a boca
E degustem bem de nossas iguarias
Essa velha república
Onde seus coronéis controlavam as terras
Onde a cima esqueci de gritar
Pois os generais iriam me matar…
Que cruzam mares e outros atlânticos
Ou cruzem novas rotas para essa febre amarela
Mas seja real todas as dores desse brasil
E lembrem dos mitos desta terra anil
Quantos golpes colocaram na culpa da comunidade
Tem que parar os pobres que lutam por igualdade
Junto a falsas cartas que deixaram contraditória
Hoje saio deste poema, e entro… para a história
Eram cinquenta anos em cinco
Salvador de janeiro que enriqueça nosso brasilia
Mas o nosso jeitinho brasileiro, deixa varrer todo esse pó
E que o trabalhador do campo tenha seu pedaço de terra para cultivar
Sessenta e quatro balas para reduzir a quatro linhas
Com castelos, para proteger o povo dele mesmo ~que o povo esqueça~
Deixando mais vermelho em meu vasto poema comunista
Contornando a multiplicação de balas a mais corpos
Como serei justo sendo influenciado pelo povo medíocre?
Pois até onde cruzei vi tanto sangue sendo derramado ao amarelo
Que de treze em treze silenciaram minha obra
E de vite em vinte esqueceram os contos
Não sei mais quantos tem em teu seio, ó liberdade
Porém vejo quantos foram vítimas de braços fortes
Se a pátria deve ser amada e idolatrada eu julgo
Aqueles que não pensam nestes anos vividos