Embriago-me

Embriago-me para tornar débeis os sentidos...

Todos esses que se alinham para juntos fazer troça à cara deste infeliz que pensara, ingenuamente, não poder mais sofrer desta forma:

O toque de qualquer objeto remete-me à sua pele, 'inda que nunca a tenha tocado;

Seu perfume posso sentir quando chove e o aroma da terra levanta-se, n'uma saudação plena da natureza;

Quando cantam os pássaros, oiço, ao fundo dos assovios, tua voz serenando-me cantigas indecentes;

D'uma fruta sinto a doçura proporcionada pelos seus beijos não provados;

Vendo o sol descortinado entre a folhagem balançante ao vento, encaro-te a frio, como se estivesse à minha frente, e um de seus olhos, entre seus negros cabelos caídos à face, encontrasse os meus.

Qual poder existe na imaginação! É ela quem turva os sentidos. Estou convencido de que, desde que ela ainda esteja viva, o coração sempre achará uma forma de recompor-se e fatalmente sofrer até quebrar-se, novamente...

Giuliani
Enviado por Giuliani em 30/04/2023
Reeditado em 04/05/2023
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