Pausa.
Não sei se fez muito sentido, nem se valeu tanto apena,permaneço sem as respostas e cada vez menos lúcido.
Todo esse tempo em que direcionei meus atos e sensações pra cá,acreditava na reciprocidade, que teria de volta algum sinal.
Mas,cada vez que arrisco palavras e linhas,me distancio do que tanto procuro.
Me sinto cada vez menor,como se tudo fosse uma questão de ser notado.
Sempre fico preso no que espero,nas reações que cada palavra é linha trarão sobre mim.
Isso me esmaga sem piedade,não consigo fugir da indiferença que me impõe essa espera.
E me rasga a carne o silêncio monstruoso,seria bom uma fala, mesmo vinda da ignorância dos que leem.
Nem isso,apenas as faces admiradas,mostrando não saberem de mim.
Portanto,com as mãos sangrando de uma escrita anônima,cabe uma pausa.
Um total descanso da injusta caminhada do pseudo poeta,um alívio aos que são punidos com as tentativas vazias.
Parei de escrever! sem recentimentos nem mágoas.
Vou calar as mãos e,não culpo ninguém pelo que faço,apenas me questiono se fiz tudo.
Acho que foi uma escolha minha,quis ficar aqui todo esse tempo.
Pra me sentir parte de algum lugar,escrevendo e acreditando que foi possível.
Por um tempo curto fui capaz,acolhido pelos sussurros e olhares maldosos.
Agora vendo de longe,sinto que tudo teve um certo valor.
Que não se resume a um fingimento necessário,que foi possível soterrar as infâmias sob as palavras e linhas.
E nem fiz da forma e do jeito certo,apenas espalhei sobre o branco infinito.
Na ideia clara de que faria sentido,coloquei todas lá,doces e amargas.
Todas as palavras lançadas na imensidão das folhas e linhas.
Acho que fiz o bastante,plantei todas as sementes,pelo menos as que imaginava serem férteis.
Que possivelmente rasgariam a terra,pra se tornarem árvores e frutos.
Pra que sejam colhidas,na esperança de compreensão sem vaidade.
Só quero que tirem proveito,afinal elas tem fim,na chegada de uma seca inevitável.
Uma pausa,sem palavras nem linhas só o branco silencioso e frio.