Bom dia, querida morte

Quem sabe o que irão pensar de mim quando souberem que tenho grande apreço por aquela que faz qualquer um desesperar-se? Como ficarei depois que forem avisados de minha condição? Já que busco viver o amanhã hoje, não por temor ou imprecisão, mas pela certeza de que seu toque me alcançará.

Idealizo meus dias como tenho avisado desde muito tempo, em forma de chacota para os desavisados: abismo, luta, fôlego, ardência. São os convidados de minha mente. Pela manhã, nos sentamos em cadeiras confortáveis e deixamos a conversa rolar solta; todavia, nada compara-se à noite. Todos rejeitam os assentos e reduzem o álcool a um mero remédio para uma ferida que necessita de um processo lento.

Engraçado, fui avisado a evitá-la, visto que seu pavio era curto e suas atitudes tão firmes e sólidas. Mas agora ela é minha esperança, como os faróis de um ônibus, para uma mulher solitária em um ponto escuro. Não sei se esse é o meio correto ou se o destino final me levará o mais longe de minha casa, mas sei que o sentimento de tê-la aqui é reconfortante. Bom dia, querida morte!