anjos caídos
penas flutuando avulsas
do céu, o anjo alado
apoiou o indicador no meu queixo caído num gesto pra que eu escondesse a minha admiração
e se mostrou tangível
pele suave como as plumas que repousam em tuas costas
os olhos dourados do Sol em que nasceu
quis me dar um gostinho do céu então em mim forjou dois pares de asas
e assim, voamos
entre ares rarefeitos, nuvens de algodão e grãos de areia-estelar
se não fosse por dois dedos de distância tocaria as estrelas
inalcançáveis, culpa das asas que não existiam mais
rasgadas, perfuradas, estilhaçadas, estraçalhadas
pelo mesmo anjo que me deu
a queda ao solo não foi o que mais doeu
foi reparar que a benção dos céus não são pra amadores como eu
pra minha mente me punir por não ter antes notado
que nem tudo que cai do céu é sagrado.