Penso muito, logo tenho crise existencial

Quando ser eu mesma se tornou um desafio? E o que tenho ganhado sendo outra que não sou eu?

O conhecimento de quem fui me olha confuso, fico em dúvida se devo reaprender para ousar explicar ou simplesmente abrir mão de definições. Estou certa de que não estava tão bom ser quem fui, nem está tão bom ser quem sou, embora me fuja a vontade de procurar realmente saber quem agora me habita. Acho que me enganei.

É possível partir de mim e retornar quando a poeira baixar? É possível me encontrar no estado puro? Fluida, límpida e transparente, sem nenhum odor de onde passei, sem nenhum ardor que alguma dor me fez?

Talvez não.

Às vezes sinto pena de quem me encontrou assim, às vezes sinto pena de mim, que encontro sem me encontrar... Desconfio que já era assim e não percebi.

Mergulhei fundo nas sensações vindas de divagações sem fim e o mínimo disso, capturei e coloquei na escrita. Assim foi até que faltasse a prática para as teorias, o toque e a dança. Já fui muita voz, hoje sou voz muito pouca, pois a sentença era: fazer sentido e em troca de merecer a audiência.

Que nada! A Vida nem sempre é um palco, à medida que passo, me faço e refaço a partir de algo que trago não lembro de onde. Percebi que é importante caminhar de conceito aberto, dar a vez a quem ainda está no princípio das lições e ofertar benevolência no trajeto. Pois talvez eu seja um estudo sofrendo constante mudança de grau e linguagem para finalmente elucidar muito pouco diante da convicção crescente de que há muito mais para se saber.

Nesta escola sendo tudo: o estudante e a lição, que eu saiba me guardar de soprar equívoco na hora do teste, pois tudo que é dito tem potencial para ser rumo e tudo que calo se torna espaço para instrução.

(Em 08/04/2023)