SAUDADES DE MINHA TERRA

 

“Pode-se ter saudades dos tempos bons,

     mas não se deve fugir ao presente”

                                (Michel de Montaigne)

 

O tempo não murchou em minha memória, oh! não...

Seríamos tão insignificantes no mundo em razão da

... inexorabilidade do tempo que tudo devora (inclusive nós)?

Na cidade onde alguém nasceu e cresceu [nela] estão suas raízes

E quanto eu tenho saudades da minha, só Deus sabe

 

 

Em algum canto desta grande cidade [em que nesta agora estou],

...oh, quem sabe?!

Em meio à toda sua caoticidade quem veria [nela] um recanto

... onde o medo não mora?

A respirar o ar mental da confiança... e da liberdade

 

 

Não, não s’encontram mais as antigas casas com seus muros baixos

Ou mesmo uma simples cerca

Não nos paranoicos centros urbanos d’alguma metrópole

E na clausura de suas casas eis a habitar almas inquietas

E tantas neuróticas...

No que [elas] se trancam e d’outras não se achegam

Devido à sua fobia e mil suspeitas 

Ninguém é confiável, ninguém!

 

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Oh! Não sei o qu’estou fazendo onde moro, realmente não sei

Sinto-me entristecido, como quem a estar n’um exílio

Não consigo negar, é verdade, qu’eu não sou feliz... aqui

Todavia, passo assim [neste espaço] minha horas, meus dias, meus anos

Eu e, com certeza, mais uns tantos que comigo se igualam

 

 

E sempre que posso, volto à minha cidade

E a reparo... o tempo todo

E nas antigas construções em su’arquitetura

(a qu’escreveram nos lugares suas histórias)

... mergulho-me em doces e vivas lembranças

 

 

E delas nutre a minh'alma de saudades ao contemplá-las

Ou estaria alguém a perder tempo com tais sentimentos?

O passado é, sem dúvida, uma miragem d’um espaço vivido

Porém... escapado

E, assim, não pode ser mais [fisicamente] “penetrado”

 

 

O que somos em nosso vital prazo além d’uma mistura

... entre o passado que não volta e o desejo de voltar no tempo?

Todavia, se olharmos para dentro [de nós] veremos

... um mistério [esquecido]

Do “Eterno” que nos chama a olhar adiante

A nos pedir para desancorarmos do passado

 

 

Seria o presente tão ruim para que não o percebamos?

No que o matamos com nossa indiferença

E não seria ofuscada a luz da memória como s’estivéssemos n’um sonho?

E eis que a maioria não olha... para o “agora”

(Deixando-o passar e, infelizmente, ir embora)

 

 

Olho para as velhas casas nest’instante

E o qu’eu vejo senão o pretérito d’uma vida que não mais existe?

Ai! maldita tentação de não amar o “nosso tempo”

 

 

Não há maior prova de pobreza do que querer ter, mas não poder

E, portanto, o passado é um tempo que não pode ser “realmente possuído”

Por mais que a memória queria de novo sentir o momento que deu o fora

 

 

Meu Deus, a vida s’encontra nest’hora

E não "há pouco" ou "depois"

Está aqui... "agora"

Não podemos deixá-la partir ou de nós se afastar

Ainda que nós é que dela fugimos

E se tivermos que ir, melhor [então] ir... co’ela

 

 

12/04/2023

 

IMAGENS: FOTOS PARTICULARES (TIRADAS POR CELULAR)

 

MÚSICAS:

"CURVELO" - Renato Teixeira

https://www.youtube.com/watch?v=CfX73WJ9kqU

 

“CASA NO CAMPO” – Elis Regina

https://www.youtube.com/watch?v=fCywYAiFg2M

 

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SOMENTE O TEXTO

 

SAUDADES DE MINHA TERRA

 

“Pode-se ter saudades dos tempos bons,

     mas não se deve fugir ao presente”

                                (Michel de Montaigne)

 

O tempo não murchou em minha memória, oh! não...

Seríamos tão insignificantes no mundo em razão da

... inexorabilidade do tempo que tudo devora (inclusive nós)?

Na cidade onde alguém nasceu e cresceu [nela] estão suas raízes

E quanto eu tenho saudades da minha, só Deus sabe

 

Em algum canto desta grande cidade [em que nesta agora estou],

...oh, quem sabe?!

Em meio à toda sua caoticidade quem veria [nela] um recanto

... onde o medo não mora?

A respirar o ar mental da confiança... e da liberdade

 

Não, não s’encontram mais as antigas casas com seus muros baixos

Ou mesmo uma simples cerca

Não nos paranoicos centros urbanos d’alguma metrópole

E na clausura de suas casas eis a habitar almas inquietas

E tantas neuróticas...

No que [elas] se trancam e d’outras não se achegam

Devido à sua fobia e mil suspeitas 

Ninguém é confiável, ninguém!

 

Oh! Não sei o qu’estou fazendo onde moro, realmente não sei

Sinto-me entristecido, como quem a estar n’um exílio

Não consigo negar, é verdade, qu’eu não sou feliz... aqui

Todavia, passo assim [neste espaço] minha horas, meus dias, meus anos

Eu e, com certeza, mais uns tantos que comigo se igualam

 

E sempre que posso, volto à minha cidade

E a reparo... o tempo todo

E nas antigas construções em su’arquitetura

(a qu’escreveram nos lugares suas histórias)

... mergulho-me em doces e vivas lembranças

 

E delas nutre a minh'alma de saudades ao contemplá-las

Ou estaria alguém a perder tempo com tais sentimentos?

O passado é, sem dúvida, uma miragem d’um espaço vivido

Porém... escapado

E, assim, não pode ser mais [fisicamente] “penetrado”

 

O que somos em nosso vital prazo além d’uma mistura

... entre o passado que não volta e o desejo de voltar no tempo?

Todavia, se olharmos para dentro [de nós] veremos

... um mistério [esquecido]

Do “Eterno” que nos chama a olhar adiante

A nos pedir para desancorarmos do passado

 

Seria o presente tão ruim para que não o percebamos?

No que o matamos com nossa indiferença

E não seria ofuscada a luz da memória como s’estivéssemos n’um sonho?

E eis que a maioria não olha... para o “agora”

(Deixando-o passar e, infelizmente, ir embora)

 

Olho para as velhas casas nest’instante

E o qu’eu vejo senão o pretérito d’uma vida que não mais existe?

Ai! maldita tentação de não amar o “nosso tempo”

 

Não há maior prova de pobreza do que querer ter, mas não poder

E, portanto, o passado é um tempo que não pode ser “realmente possuído”

Por mais que a memória queria de novo sentir o momento que deu o fora

 

Meu Deus, a vida s’encontra nest’hora

E não "há pouco" ou "depois"

Está aqui... "agora"

Não podemos deixá-la partir ou de nós se afastar

Ainda que nós é que dela fugimos

E se tivermos que ir, melhor [então] ir... co’ela

 

12/04/2023

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 12/04/2023
Reeditado em 13/04/2023
Código do texto: T7762092
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