SAUDADES DE MINHA TERRA
“Pode-se ter saudades dos tempos bons,
mas não se deve fugir ao presente”
O tempo não murchou em minha memória, oh! não...
Seríamos tão insignificantes no mundo em razão da
... inexorabilidade do tempo que tudo devora (inclusive nós)?
Na cidade onde alguém nasceu e cresceu [nela] estão suas raízes
E quanto eu tenho saudades da minha, só Deus sabe
Em algum canto desta grande cidade [em que nesta agora estou],
...oh, quem sabe?!
Em meio à toda sua caoticidade quem veria [nela] um recanto
... onde o medo não mora?
A respirar o ar mental da confiança... e da liberdade
Não, não s’encontram mais as antigas casas com seus muros baixos
Ou mesmo uma simples cerca
Não nos paranoicos centros urbanos d’alguma metrópole
E na clausura de suas casas eis a habitar almas inquietas
E tantas neuróticas...
No que [elas] se trancam e d’outras não se achegam
Devido à sua fobia e mil suspeitas
Ninguém é confiável, ninguém!
Oh! Não sei o qu’estou fazendo onde moro, realmente não sei
Sinto-me entristecido, como quem a estar n’um exílio
Não consigo negar, é verdade, qu’eu não sou feliz... aqui
Todavia, passo assim [neste espaço] minha horas, meus dias, meus anos
Eu e, com certeza, mais uns tantos que comigo se igualam
E sempre que posso, volto à minha cidade
E a reparo... o tempo todo
E nas antigas construções em su’arquitetura
(a qu’escreveram nos lugares suas histórias)
... mergulho-me em doces e vivas lembranças
E delas nutre a minh'alma de saudades ao contemplá-las
Ou estaria alguém a perder tempo com tais sentimentos?
O passado é, sem dúvida, uma miragem d’um espaço vivido
Porém... escapado
E, assim, não pode ser mais [fisicamente] “penetrado”
O que somos em nosso vital prazo além d’uma mistura
... entre o passado que não volta e o desejo de voltar no tempo?
Todavia, se olharmos para dentro [de nós] veremos
... um mistério [esquecido]
Do “Eterno” que nos chama a olhar adiante
A nos pedir para desancorarmos do passado
Seria o presente tão ruim para que não o percebamos?
No que o matamos com nossa indiferença
E não seria ofuscada a luz da memória como s’estivéssemos n’um sonho?
E eis que a maioria não olha... para o “agora”
(Deixando-o passar e, infelizmente, ir embora)
Olho para as velhas casas nest’instante
E o qu’eu vejo senão o pretérito d’uma vida que não mais existe?
Ai! maldita tentação de não amar o “nosso tempo”
Não há maior prova de pobreza do que querer ter, mas não poder
E, portanto, o passado é um tempo que não pode ser “realmente possuído”
Por mais que a memória queria de novo sentir o momento que deu o fora
Meu Deus, a vida s’encontra nest’hora
E não "há pouco" ou "depois"
Está aqui... "agora"
Não podemos deixá-la partir ou de nós se afastar
Ainda que nós é que dela fugimos
E se tivermos que ir, melhor [então] ir... co’ela
12/04/2023
IMAGENS: FOTOS PARTICULARES (TIRADAS POR CELULAR)
MÚSICAS:
"CURVELO" - Renato Teixeira
https://www.youtube.com/watch?v=CfX73WJ9kqU
“CASA NO CAMPO” – Elis Regina
https://www.youtube.com/watch?v=fCywYAiFg2M
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SOMENTE O TEXTO
SAUDADES DE MINHA TERRA
“Pode-se ter saudades dos tempos bons,
mas não se deve fugir ao presente”
O tempo não murchou em minha memória, oh! não...
Seríamos tão insignificantes no mundo em razão da
... inexorabilidade do tempo que tudo devora (inclusive nós)?
Na cidade onde alguém nasceu e cresceu [nela] estão suas raízes
E quanto eu tenho saudades da minha, só Deus sabe
Em algum canto desta grande cidade [em que nesta agora estou],
...oh, quem sabe?!
Em meio à toda sua caoticidade quem veria [nela] um recanto
... onde o medo não mora?
A respirar o ar mental da confiança... e da liberdade
Não, não s’encontram mais as antigas casas com seus muros baixos
Ou mesmo uma simples cerca
Não nos paranoicos centros urbanos d’alguma metrópole
E na clausura de suas casas eis a habitar almas inquietas
E tantas neuróticas...
No que [elas] se trancam e d’outras não se achegam
Devido à sua fobia e mil suspeitas
Ninguém é confiável, ninguém!
Oh! Não sei o qu’estou fazendo onde moro, realmente não sei
Sinto-me entristecido, como quem a estar n’um exílio
Não consigo negar, é verdade, qu’eu não sou feliz... aqui
Todavia, passo assim [neste espaço] minha horas, meus dias, meus anos
Eu e, com certeza, mais uns tantos que comigo se igualam
E sempre que posso, volto à minha cidade
E a reparo... o tempo todo
E nas antigas construções em su’arquitetura
(a qu’escreveram nos lugares suas histórias)
... mergulho-me em doces e vivas lembranças
E delas nutre a minh'alma de saudades ao contemplá-las
Ou estaria alguém a perder tempo com tais sentimentos?
O passado é, sem dúvida, uma miragem d’um espaço vivido
Porém... escapado
E, assim, não pode ser mais [fisicamente] “penetrado”
O que somos em nosso vital prazo além d’uma mistura
... entre o passado que não volta e o desejo de voltar no tempo?
Todavia, se olharmos para dentro [de nós] veremos
... um mistério [esquecido]
Do “Eterno” que nos chama a olhar adiante
A nos pedir para desancorarmos do passado
Seria o presente tão ruim para que não o percebamos?
No que o matamos com nossa indiferença
E não seria ofuscada a luz da memória como s’estivéssemos n’um sonho?
E eis que a maioria não olha... para o “agora”
(Deixando-o passar e, infelizmente, ir embora)
Olho para as velhas casas nest’instante
E o qu’eu vejo senão o pretérito d’uma vida que não mais existe?
Ai! maldita tentação de não amar o “nosso tempo”
Não há maior prova de pobreza do que querer ter, mas não poder
E, portanto, o passado é um tempo que não pode ser “realmente possuído”
Por mais que a memória queria de novo sentir o momento que deu o fora
Meu Deus, a vida s’encontra nest’hora
E não "há pouco" ou "depois"
Está aqui... "agora"
Não podemos deixá-la partir ou de nós se afastar
Ainda que nós é que dela fugimos
E se tivermos que ir, melhor [então] ir... co’ela
12/04/2023