EXPERIÊNCIA DAS AMBIVALÊNCIAS
A nossa vida consiste certamente em fazer a experiência das ambivalências, conhecendo muito bem os dilemas de continuarmos erguidos ou de nos reerguer após intensos desfalecimentos na clarividência das desilusões. Não estamos sempre felizes, fervorosos e em estado de quietude e de solidão. Vivemos, em contrapartida, dias de tristeza, solidão, desesperança e questionamentos sem fim. O que faz toda diferença na vida é o fato de encontrarmos um significado na dor e na alegria, no sofrimento e na esperança. As respostas nunca são fáceis, mas às vezes, nas situações mais inusitadas, encontramos o que tanto procurávamos; ou também pode acontecer que num momento de simplicidade, ao lado de alguém experiente e inspirado, descobrimos um caminho no meio do nada desse deserto que muitas vezes a nossa existência está submersa. Podemos ver aspereza e inflexibilidade em tudo, porém é conveniente pensar que boas intuições e descobertas acontecem nos instantes mais singelos, nessas horas inefáveis onde nos despimos das cegueiras que adornamos as nossas vaidades cotidianas. De repente, tudo passa a fazer sentido, e o que era repleto de cegueira e trevas se torna pleno luz e de compreensão, tal como o dia irrompendo de forma lenta e progressiva no fim de uma madrugada escura, fria e silenciosa.