I-XCI Jaezes de vida e morte
Cada podre lembrança tira-me o fascínio por esperança,
como o fascínio dos mortos-vivos que me pedem abrigo:
Fiz-me correto ao perdê-los nos prantos,
pois hoje mal os ouço enquanto me afundo em planos.
Que vaidade duvidosa,
construí-me diante da civilidade e da honra,
tornei-me muito com o pouco que me colabora.
Com poucos momentos lembrei de ti por horas,
fazendo busca das verdades, procurando evidências
nas nuances dos ares.
Mas que moribundo é a vida,
sem perigo, me abati, e curado fui-me sem sentir.
É loucura da cabeça humana,
peguei mais dos meus irmãos
e pouco da mãe em eterna oposição.
Era por conta dos monstros no caminho,
por conta da vizinhança sem-abrigo,
por fazerem-me de ingênuo em perigo.
Agora mal sobrevivo do luxo entre privilégios,
tenho tanto que me jogo sem um mísero critério.
E há quem diga que fácil foi existir,
que não foi sacrificante persistir,
a culpa é minha forma de agir:
Sereno, mas imprudente, apaixonado e carente,
há tempo que mais amo do que me faço insolente,
mas o vício de ter-me aqui possui-me sem me ver persistir:
quase perto do fim, temo a chacota que virá a mim.
Que os sonhos me tirem da dor, para que eu me recomponha no amor.