Eu

Já se passaram mais carros do que eu consigo contar

O trânsito todo olha para mim

As pessoas buscam o culpado por aquilo

O único culpado sendo eu.

Gravamos os mesmos erros

Uma intervenção pessoal sobre limites

Ilhados na desesperança

Lugares que não me trazem qualquer lembrança

Homens e mulheres apaziguam o inevitável

E fico me perguntando

Rasgando minhas vestes

Marejando meu olhar

E procurando qualquer tipo de absolvição.

Fui, de fato

Uma pessoa execrável

Remanescente descartável

Largado entre meus próprios escombros

Ante um destino que sempre tentei fugir

Nascido para morrer, morto por nascer.

Consequências de uma linhagem

Intermináveis sequências arbitrárias

Rompido com a satisfação

Iconoclasta por desinteresse

Lorde das coisas inúteis

O fim das minhas iniciais.